No último capítulo de seu bate-papo no Boteco, o ex-atacante da Tucurense, Paulinho Gasparini, recorda decisões do Campeonato Amador do clube da zona Norte contra o Cloroetil e lembra de uma partida especial no Mirante.
Boteco – Em 1990, o que faltou para a Tucurense ser campeã?
Paulinho – Rapaz… Dois anos antes (1988) o Tucura foi pra final contra a Cloroetil também. E deu muito problema o primeiro jogo. E foi uma época que trouxeram uns juízes da Federação para apitar a final. Eu estava na torcida, eu gostava do Tucura, o juiz acabou o jogo com 38 do segundo tempo. Saiu um brigueiro, veio polícia, não deixaram o juiz ir embora. A Cloroetil foi campeã sob protesto. A torcida desceu da arquibancada do Tucura, lotado, tacaram pedra. E o juiz saiu escoltado, de camburão.
Boteco – Você ficou bravo também?
Paulinho – Nossa vida, misericórdia.
Boteco – Aquela derrota estava engasgada após dois anos?
Paulinho – Ficou e o time nosso era favorito.
Boteco – Quem era o técnico?
Paulinho – Paulo Bolinha. Eu lembro que ele me tirou no segundo tempo e colocou o Mané. E eu, modéstia à parte, estava jogando bem, dando trabalho para defesa deles, estava 1 a 0. Era eu e o Binha o ataque. Lembro que quando levantou a placa falando para eu sair, o Zé Márcio e o outro zagueiro falaram: “obrigado Paulo Bolinha, por ter tirado o Paulinho”. Aí foi 1 a 0 e eles foram campeões.
Boteco – Lembra de outro jogo marcante?
Paulinho – Uma vez montaram um timaço na Segunda Divisão pra ser campeão da cidade, Chick do Brasil, salgadinho. A gente tinha que empatar com eles pra ir pra semifinal.
Boteco – Mas vocês estavam na Segunda Divisão?
Paulinho – Tinha o A e o B (da Tucurense). Nós mais novos não podíamos jogar no time de cima. Nós jogamos na Segunda. E eles (Chick) montaram um time muito forte, Zé Roberto, Eduardão, até o Mainho. E eu tinha ido viajar para Paraguaçu-MG. saí 4 da manhã de moto só pra jogar. Se a gente empatasse, iria para a semifinal. Se o Chick ganhasse, classificaria o Mirante e eliminaria nós. E o jogo foi no Mirante. Atrás do gol estava lotado, o time do Mirante inteirinho lá, Zé Neguinho, Fabinho, torcendo pra eles. E era batata, eles iam golear. Eles goleavam todo mundo. Aí rolou um papo que ia acabar o jogo e eles iam tomar cerveja com eles, churrasco preparado. Começou o jogo, de cara fizeram 1 a 0. A gente precisava empatar. Eu lembro que alguém deu um chutão e eu subi de cabeça com o Eduardão zagueirão. Eu sou alto, mas ele é bem mais forte, mais alto. A probabilidade de ele ganhar de mim é muito maior. E eu ganhei de cabeça dele. Eu relei de cabeça e a bola sobrou pro Cabritinho. Ele empatou. Só lembro que uma meia hora para acabar, o que nós chutamos de bola no rio lá pra baixo era incrível. Mas bola dominada, dava pra passar. Sumiam as bolas. Aí eles começavam a xingar. O Mirante começou a ficar bravo com a gente, começaram a brigar até com gandula. E lembro que chutamos tanta bola fora que chegou uma hora que o gandula não achava mais. Começaram a nos ameaçar. Pra gente sair de campo aquele dia, a gente teve que esperar, chegou até um carro da Polícia.
Boteco – Aí vocês foram pra semifinal…
Paulinho – Na semifinal, nós caímos fora. Mas só de ter empatado com eles foi como se tivesse sido campeão.
Boteco – Valeu, Paulinho!
