No último capítulo de seu bate-papo, Pavão recorda momentos envolvendo ex-companheiros e adversários especiais e revela quais os jogadores mais difíceis que marcou.
Boteco – Qual era o jogador mais difícil para você marcar?
Pavão – Os piores eram nos treinamentos, que eu pegava do lado esquerdo Leonardo, Müller e André Luiz. Porque eu treinava contra esses caras, então no jogo eu não sentia nada. Mas eu peguei Edu Lima e Cilinho, dois pontas esquerdas muito difíceis de marcar.
Boteco – E quando atacava, quem te marcava melhor?
Pavão – O Roberto Carlos foi difícil, eu batia de frente com ele direto, muita velocidade.
Boteco – Como era conviver com tantos grandes jogadores no São Paulo, uma verdadeira seleção?
Pavão – Era uma verdadeira seleção realmente aquilo ali, eu quando cheguei ao vestiário na primeira vez para colocar meu meião e meu shorts, eu sentei no banco, olhei pro lado, tava o Raí, olhei pro outro lado, tava o Müller, olhei pro outro, o Zetti, olhei pro outro, o Juninho. Aí eu me perguntei: “onde que eu estou?”. Desculpa a empolgação. Eu não imaginava estar com 17 anos tão rápido no profissional.
Boteco – Alguém ali era seu ídolo por você ser são-paulino?
Pavão – Não porque hoje ele é meu amigo, mas eu ficava no Morumbi para ver o Müller jogar. Hoje, além de ser meu ídolo, é meu amigo, irmão amigo.
Boteco – Vocês moraram juntos?
Pavão – Ele ficou um tempo na minha casa até arrumar um apartamento, ficou um tempinho lá, hoje está no canto dele.
Boteco – Você chegou a jogar com o Capone?
Pavão – Não, quando ele estava no São Paulo, eu estava na Áustria. Mas eu o acompanhava. Para mim um dos melhores zagueiros do Brasil foram Capone e Válber, do São Paulo.
Boteco – O Válber tinha muitas histórias com Telê…
Pavão – O Válber pelo amor de Deus. O Telê tinha medo dele (risos). Ele chegava lá, xingava ele no treinamento, mas o Telê tinha até medo do Válber, porque ele era meio doidão.
Boteco – Lembra de alguma história sua com o Válber?
Pavão – Às vezes nos treinamentos, quando eu ia para cima dele, ele falava assim: “solta a bola, moleque. Senão eu vou te quebrar”. Nunca esqueço dele, ele e Ronaldão, quando a gente ia para cima dos caras. “Solta a bola, senão vou te estourar, vou pisar no seu pé”.
Boteco – E o Antonio Carlos?
Pavão – Eu não tinha muita intimidade com ele, não, mas teve zagueiros melhores no São Paulo. Válber é o número 1, Ronaldão, Junior Baiano, Wilsão também bom.
Boteco – E a época dos jogos pegados contra o Palmeiras? O que lembra daquele jogo da briga contra o Edmundo?
Pavão – Eu tenho até hoje uma foto com o Edmundo no Morumbi, nós dois disputando a bola. Para mim foi um dos melhores jogadores do Brasil, muito rápido, habilidoso.
Boteco – Você chegou a participar da guerra campal naquele jogo?
Pavão – Esse jogo eu tava no banco, que o André Luiz tomou o soco na cara do Edmundo. Foi uma confusão, mas no outro dia à noite, eu tava perto do André Luiz, o Edmundo ligou para ele para jantar para pedir desculpas. Ninguém sabe disso, mas hoje eu posso contar. Aí foram jantar, ficaram amigos, é o calor do jogo. Hoje é tudo amigo.
Boteco – Valeu, Pavão!