quarta-feira, novembro 20, 2024
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Pelo amor de Deus, vacinem as crianças

O Brasil vive um claro período de retrocesso. O país que viu milhares de pessoas sair da linha da pobreza, hoje assiste quase imóvel uma horda de famintos revirando lixo em busca de ossos, sobras, restos. O país de tímidos, mas de inúmeros avanços na proteção ao trabalhador, estimulou a quebra de direitos com a promessa de geração de empregos e o que se vê é um número recorde de desempregados.

A lista de passos para trás que demos é gigante e que nos faz pensar em tempos de trevas. Oras, no que dependesse de alguns, estaríamos em uma era de poder hereditário, quiçá com as mesmas regras da época, como escravidão para negros e indígenas, ausência de direitos, como de votar, para as mulheres e todo tipo de chibata para outros públicos tratados como minorias.

E nesta onda de desrespeito a um dos lemas da nossa bandeira, que mira o progresso, recuamos em algo que sempre fomos exemplo para o mundo: cobertura vacinal em crianças. Com a disseminação de fake news sobre problemas com a imunização contra a covid-19, além das mortes de milhares e milhares de brasileiros estar na conta de líderes que deveriam nos proteger e nos expuseram à doença, tivemos ampliado o medo de muita gente quanto a outras vacinas.

É um quadro que só piorou algo que já vinha alarmando. Em agosto, o Brasil iniciou uma campanha de vacinação infantil em massa contra o sarampo e a poliomielite em meio a um quadro de apreensão. As taxas de imunização de crianças contra 17 doenças – entre elas o sarampo – atingiram em 2017 os níveis mais baixos em muitos anos.

Males antes erradicados estão voltando. Crianças estão morrendo por conta de inúmeros fatores, entre eles, de quem propaga mentiras sobre a vacinação e de pais ludibriados por estas mentiras e que correm o risco de, ao seguir estas inverdades, terminar chorando por seus filhos acamados e até mortos.

Com este cenário, o Ministério da Saúde foi obrigado a estender a campanha de vacinação contra a poliomielite (paralisia infantil) e multivacinação de 2022, que terminaria no dia 9 deste mês, até 30 de setembro. Até o momento, apenas 35% das crianças entre 1 e 4 anos de idade foram levadas aos postos para receber a dose de proteção contra a doença.

A previsão inicial era atingir 95%. Aliás, desde 2015 o país não consegue chegar nesta marca. Ou seja, estamos brincando com o perigo. Estamos permitindo que doenças eliminadas retornem ao nosso dia a dia e não dá para vivermos como se estivéssemos em 1700.

É importante ressaltar que, mesmo depois de 30 de setembro, as vacinas continuam disponíveis nos postos de saúde municipais durante o restante do ano. No entanto, é no período das campanhas que as secretarias de Saúde flexibilizam os horários, ampliam as datas (sábados, por exemplo), promovem mutirões de vacinação (“dias D”) e adotam estratégias para facilitar o acesso do imunizante ao público-alvo e, com isso, ampliar a cobertura vacinal.

Então, o que prefere? Colocar a vida de crianças inocentes em risco ao não levar o seu filho para vacinar ou acreditar na mesma ciência que, com a imunização, nos livrou de um recente mal que foi a covid-19? Afinal, a imunização de rebanho pregada por muita gente, inclusive por quem deveria nos proteger, nunca existiu. E, se fosse por esta estratégia, não falaríamos nos já trágicos 700 mil brasileiros mortos pela doença, mas por milhões e milhões. Vacine-se sempre. E vacine quem depende de você para sobreviver. Para viver e com saúde. Vamos aumentar este tenebroso percentual e lotas as UBS’s para proteger quem a gente ama. VACINE!

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