O comércio de uma cidade nunca deve ser olhado como um simples meio de ganho para uns ou outros. Sequer para o dono. Afinal, entre diferentes formatos, muitos deles funcionam a partir de um quadro de funcionários. Ou seja, são fundamentais para que chefes de família administrem a sua casa ou jovens tenham condição de se aproximar de uma independência financeira. Em um resumo mais apelativo, mas não distante da realidade, o comércio é sim uma peça imprescindível para que muita gente garanta o prato de comida durante o mês.
Entre patrões e funcionários e uma máquina que precisa girar, o comércio é dependente de fatores como o crescimento industrial, já que este gera mais empregos e, consequentemente, mais consumo. Óbvio que falamos dentro de um cenário geral, em que as pessoas desta cidade consomem nesta cidade.
Em tempos de modernidade e tecnologia, é também clara a necessidade destes empreendimentos construir ferramentas digitais, sem perder, necessariamente, a essência física de um comércio. E neste contexto presencial se faz importante o desenvolvimento urbano sensato, com mudanças que privilegiem a acessibilidade e o fluxo do trânsito sem jamais ter os reflexos ao comércio colocados na conta.
Nos últimos anos Mogi Mirim viveu mudanças consideráveis em áreas comerciais tradicionais. Foi assim no Centro, com a construção de um calçadão na Rua 15 de Novembro. Uma das vias mais antigas da cidade oferecia uma estrutura desoladora aos pedestres, com calçadas miúdas, postes encavalando o tráfego e um já curto espaço para a passagem de veículos.
Com o calçadão, houve uma melhora considerável da fluidez para os pedestres, quase nenhuma alteração na rotina dos carros e uma óbvia redução das vagas de estacionamento. Em qualquer mudança, haverá prós e contras. O ponto é que, para saber se daria certo, se seria benéfico para o comércio, parecia necessário experimentar a alteração. E ela ocorreu. O mesmo se deu recentemente na Rua Padre Roque.
Em um movimento que contou, inclusive, com o aceno positivo da Associação Comercial e Industrial (Acimm), uma das vias mais importantes de Mogi Mirim teve mudança na mão de direção em um longo trecho. Passou a ser mão dupla a partir do fim da Rua 13 de Maio, seguindo assim até o seu final, já perto da Rodovia SP-147. Meses depois, há relatos de insatisfação dos comerciantes, com a alegação, inclusive, de queda nas vendas. É claro que não podemos ficar “indo e voltando” a toda hora. Mas qual o problema em ouvir de uma maioria o desejo de mudar e mudar? E depois, em avaliando na prática que não deu certo, voltar atrás?
O ponto fundamental em qualquer situação como esta é ter os comerciantes como um termômetro na hora de tomar a decisão. Se depois vai dar certo ou errado, só o tempo dirá. O que não podemos é deixar de investir em medidas que ofereçam a chance de um crescimento do nosso comércio. Mogi Mirim precisa se desenvolver. Isso vale para o agronegócio, para a indústria, para o turismo e para tantos outros segmentos de serviços.
E vale para o comércio. Se lá na frente for positivo e viável, por exemplo, levar ao solo toda a fiação da Rua Conde de Parnaíba, cobri-la, encontrar alternativa para garantir vagas de estacionamento e transformá-la em um “Shopping Urbano”, por que não? Reparem na ênfase do “positivo” e no “viável”. O que não podemos é conservar do jeito que estiver mesmo que isso represente alto risco de regresso em oposição à chance de evolução para um setor tão importante para matar a fome, gerar mais oportunidades e até conforto às famílias mogimirianas.