O conceito de perdão pode, claramente, ser entendido num diálogo de Pedro e Jesus. A pergunta foi “quantas vezes devo perdoar o irmão que pecar contra mim?”. Ao que Jesus respondeu: 70×7!
Certamente, não foi um limite numérico que o mestre colocou (490 vezes), mas sim que devemos estar sempre prontos a perdoar. Jesus contou a parábola do credor incompassivo, nos dando a entender que devemos ter o espírito perdoador como Deus teve para conosco, a fim de que nossos relacionamentos não sejam abalados e rompidos.
Então como podemos definir o perdão? Primeiro quero lhe mostrar o que NÃO é perdão.
1. Perdão não é esquecer!
Há pessoas que realmente perdoam, mas não conseguem esquecer mentalmente e, por isso, acham que realmente nunca perdoaram. A mente humana é um verdadeiro computador. Ela é capaz de registrar 800 recordações por segundo durante 75 anos sem falhar. Na verdade, nunca esquecemos nada. Achamos que sim, mas na realidade aquilo que aconteceu está arquivado para sempre em nossas mentes. Por isso, é necessário fazer distinção entre esquecimento emocional e mental. Lembrar a ofensa de tal modo que ela continue a afetar o relacionamento emocional, não é perdoar. Porém, lembrar a ofensa como um fato consumado, sem significação ou efeito negativo em meu relacionamento, é perdoar.
2. Perdão não é um sentimento.
Deus nos dá uma ordem: Perdoai-vos mutuamente… (Cl 3:13). Às vezes, somos manipulados por nossas emoções e sentimentos. Eu também não senti vontade de perdoar meu amigo; afinal de contas, ele me feriu, deve me pagar! Mesmo com o orgulho tentando impedir, a ordem de Deus precisa ser obedecida. Perdão é um ato de fé baseado na ordem de Deus.
3. Perdão não é voltar ao passado.
Sempre que voltamos a pensar no que aconteceu, continuamos alimentando um ressentimento, uma amargura. Trazer o passado de volta é uma força destrutiva porque:
● Não há nada que se possa fazer para mudar algo que já aconteceu;
● Utiliza a energia emocional que a pessoa necessita para as exigências do dia a dia (Sl 32:1-5), tornando extremamente difícil a pessoa realizar mudanças em sua vida. Alguém o ofendeu e pediu perdão. Você não perdoou. Agora você é responsável por prejudicar o relacionamento;
● Não desligar do passado e prosseguir tentando fingir que nada aconteceu é falta de entendimento sobre o perdão de Deus em suas vidas. Há pessoas que estão sendo destruídas pelo passado.
4. Perdão não é exigir mudanças por parte da outra pessoa antes de nosso perdão.
Você talvez tenha sido profundamente machucado, ferido. Talvez já tenha passado por sua mente: “Quero ver mudança na vida daquela pessoa que me ofendeu, antes de perdoá-la”. Deixe-me, porém, pedir-lhe que pare um pouco e pondere sobre o seguinte fato: Jesus perdoou mesmo sabendo de antemão que seria humilhado e ferido. Deus quer que você perdoe, mesmo que não haja mudança da parte da pessoa que o feriu. Quando exigimos mudanças na vida de outra pessoa, nos colocamos no papel de juiz.
Não perca a próxima coluna que estarei falando sobre o que é realmente o perdão.
Bispo Vilmar Dacampo
Nascido em Erechin-RS,
formado em Teologia,
é ex-comerciante e
tem 31 anos de pastorado