Caros leitores, costumo dizer que política é a arte da persuasão, no sentido de fazer o outro “comprar” sua ideia e embarcar consigo. Mas, claro, isso não é uma regra. Longe disso. Que o diga a Câmara Municipal de Mogi Mirim. Cada um tem suas bandeiras, seus compromissos partidários, ideológicos e, às vezes, até com a razão e com o município.
Mais uma vez, pela segunda semana seguida, os nobres edis tiveram pela frente a votação das contas do ex-prefeito Carlos Nelson Bueno, desta vez as de 2018. As de 2017 foram aprovadas semana passada, por 10 x 6. As de 2018, nesta semana, também. Por 10 x 7. A votação apertada mostra como CNB está longe de ser unanimidade, como nunca foi e nunca será.
Mas os argumentos nem sempre são sensatos, de ambos os lados.
“Ele nunca gostou do povo. Carlos Nelson não teve amor à cidade. Carlos Nelson nunca mais”, justificou Cinoê Duzo o seu voto contrário na base do coração peludo.
“Vi o esforço que o Carlos Nelson fez para colocar as contas mais ou menos em ordem nos dois primeiros anos de mandato. Depois veio a pandemia, e o gestor tem que ter olhos de águia para enxergar as prioridades. Ele foi espetacular. Entregou a Prefeitura [2020] muito melhor do que recebeu [2017]”, argumentou Lúcia Tenório, que foi vice-prefeita de CNB. Tá! Mas o que isso tem a ver com as contas de 2018, especificamente falando? Hã?
“Quero lembrar que estamos julgando as contas do Exercício de 2018, não contos [de fadas]”, percebeu João Victor Gasparini.
E tem quem vota por afinidade.
“O prefeito tem que ouvir mais o Legislativo. Eu, se for prefeito um dia [opa, será?], vou querer ouvir todos os vereadores para que se possa governar para o povo”, disse Robertinho Tavares.
Gebê respondeu na lata: “Estou pouco me lixando se o prefeito me ouve ou deixa de me ouvir. Não acho justo vir aqui votar contra porque não se simpatiza com o prefeito, não. Eu tenho coerência”. Não é justo mesmo, não é coerente, não é racional. Mas é da política.
Por hoje, só sábado que vem.