No terceiro capítulo de suas histórias, o ex-profissional Gabriel Pitta relembra os treinos com Guga e as irmãs Willians.
Boteco – Como foi a pré-temporada com o Guga?
Pitta – Ele é mais velho que eu, quando eu tava iniciando, ele já tinha passado essa fase dos torneios de início, ele já tava nos torneios de intermediários para grandes. Mas eu fiz uma pré-temporada em Balneário Camboriú, com ele, o Larri, e outros tenistas, o André Sá, outros, em 2001.
Boteco – Como foi? Alguma curiosidade?
Pitta – Primeiro, um prazer gigantesco estar com ele, era o número 1 do mundo, poxa, tô batendo bola com o melhor do mundo, melhor do mundo joga assim, consegue medir mais ou menos seu nível, poxa, tô conseguindo trocar bola ou não tô. É um bicho de 7 cabeças, não é, mas é um cara fenomenal, diferenciado, parece que a fama não subiu, sempre atencioso, alegre, aquele jeito que a maioria das pessoas conhece pela televisão, esse cara deve ser muito gente boa e é isso mesmo. Tem um fato lá que a gente tava treinando, todo mundo morto, treinando, era Balneário Camboriú, final do ano, cidade lotada, a gente tava em um apartamento beira-mar, que era do Larri, que ele cedeu para a gente ficar, era um apartamento tipo 3, 4 quartos e várias camas. A gente treinava o dia inteiro e era legal, depois, você dar uma volta, ver aquela muvuca, pessoal bonito, dar uma espairecida, mas a coisa que eu mais queria nessa 1 semana e meia era toda hora ir pra cama, porque eu tava extremamente cansado, foi muito puxado, se você ver a rotina de um cara… A gente seguia o que ele fazia. Três, quatro, passando mal, vomitando. É muito puxado. E dor no corpo, no outro dia, você sabia que tinha outra pancadaria, tinha que descansar para tentar recuperar para estar bem.
Boteco – Como era a estrutura?
Pitta – Tinha nutricionista, preparador físico, alimentação balanceada. No meio do treino, a gente parava às 10h, tinha um açaí, uma banana, uma fruta, uma granola, um repositor.
Boteco – Alguma curiosidade com as irmãs Willians?
Pitta – Atuei como um sparring delas, eu aquecia, treinava. Não é que eu era da equipe, eu fui provisoriamente durante o torneio, Indian Wells, de uma semana. Mas daí o pessoal não sabia lá, estava andando com a bolsa de tênis. Quem é esse daí? Deve ser algum jogador, aí dá autógrafo.

Boteco – Como foi a oportunidade? Você tava como bolsista?
Pitta – Tava, nos Estados Unidos. Esse torneio é feito nessa cidade, a faculdade da cidade era nossa. Elas buscaram a gente, queriam jogar com homens, porque o técnico delas, que era o pai delas, treinava as 2 e o outro treinador também, queriam que pegassem jogos mais duros, bolas mais fortes, mais rápidas, pauleira. Elas já eram tops, mas não as mais tops, número 1 ainda. Vou treinar com esses homens que eles têm a força de bola até um pouco mais do que a número 1 do mundo. Treina com mais difícil para subir esse nível mais rápido. Perguntaram: quem quer ir? Eu fui um dos primeiros voluntários. Foi uma experiência muito bacana, fora que me deu ingresso, ficava assistindo lá.
Boteco – Como elas eram de personalidade?
Pitta – Muito alegres, eram mais meninas, 97, 22 anos atrás, eu era jovem, elas também, era divertido, elas eram alegres, mas muito dedicadas também aos treinamentos.
Boteco – E quando elas chegaram a número 1 do mundo (ambas já ocuparam o posto), te deu uma satisfação?
Pitta – Com certeza, a fotinho, a lembrança, a história, mas fui mais um, teve vários sparrings. O sparring lembra, quem bateu não lembra, quem apanhou lembra.
Boteco – Pitta volta, no último capítulo de seu bate-papo, para lembrar uma divertida aventura que gerou sua vitória mais marcante, com o primeiro ponto no ranking da ATP.