A idade mexe com a gente. De uns tempos para cá eu virei a louca das plantas. Bobeou, eu chego em casa com um vaso novo. Estou toda hora articulando onde cabe mais um, mudando de lugar para entender a preferência por calor e iluminação, coisa de quem claramente está envelhecendo.
A questão é que, esses dias, estava andando pelo bairro e um jardim me chamou a atenção. Nele tinha uma planta tão vistosa e bonita que parei para olhar. Quando percebi, é a mesma versão de uma que tenho, mas num vaso bem pequenininho.
Até então eu só tinha visto ela ali, naquele pequeno círculo na minha casa, há mais de um ano do mesmo tamanho. Por ser a única forma que conhecia, nunca imaginei que ela pudesse crescer daquela maneira. Foi então que me dei conta: planta só cresce no vaso certo, assim como nós!
Estou vivendo isso na prática com a transição de escola do Neto. Desde que terminou o nono ano, ele queria ir para uma. Como a Gabi estava em outra, o desconto para irmãos foi sensacional e decisivo, além, é claro, da logística de ter os dois filhos no mesmo espaço e mesmos horários.
No começo deu tudo certo, saiu com a galera da sala para andar de bicicleta, fez churrasco. Mas o tempo foi passando e a convivência passou a ser uma tortura. Vejam, ele é um menino que não reclama de nada, sempre foi chamado de “criança coringa” pelas professoras porque se encaixava em qualquer grupo de trabalho, mas dessa vez não deu para ele.
Como mãe, fiz tudo que podia. Falei sobre os pontos positivos, pedi ajuda da coordenação, enfim, tentei. O caderno não tinha uma linha escrita, não teve lição de casa um só dia durante o ano inteiro (rsrs) e fazê-lo sair da cama era um sacrifício diário. Às vezes tinha vontade de afogar ele com o travesseiro ou jogar um balde de água lotada de gelo na cabeça para ver se mudava com o trauma.
Decidimos então voltar atrás e procurar a escola que ele queria e que dessa vez aceitou negociar. Gentemmmmm, foi como um milagre. Hoje ele desperta sozinho, está pronto esperando carona no horário certo, se sabe que o prazo do dia seguinte é mais curto, já deixa o lanche preparado na noite anterior e pasmem: participou de um plantão de dúvidas no período inverso a escola. Está onde queria estar!
É natural que a gente não se dê bem em todos os lugares. É mais que aceitável não “caber” em alguns grupos de pessoas. E isso não tem a ver com quem é maior ou melhor. Tem a ver puramente com afinidade. E quando estamos insatisfeitos, nem de perto somos o nosso melhor porque perdemos a espontaneidade que é o que nos torna únicos.
O nosso tamanho é influenciado pelo sentimento de pertencimento de onde estamos. Uma vez ouvi uma frase do padre Fábio de Melo que dizia “a gente nasce para ser mansão, mas às vezes aceita viver como parede meia”. É isso! Assim como as plantas, às vezes só precisamos do lugar certo.