O caso da morte do jovem advogado Lorenzo Andrade de Moraes, de 22 anos, ocorrida na terça-feira, teve seu desfecho na tarde de ontem. A Polícia Civil descobriu que o assassino matou a vítima por motivo fútil, pensando que Lorenzo estava tendo um caso com sua mulher. O casal teve a prisão temporária decretada.
Como adiantado por O POPULAR tanto em seu site como em sua edição de quarta-feira, o caso causou comoção em toda a cidade, já que desde a notificação do desaparecimento do rapaz, pessoas se mobilizaram em redes sociais para divulgar o rosto da vítima e obter informações de seu paradeiro.
De acordo com o delegado seccional de Mogi Guaçu, José Antônio Carlos de Souza, que conduziu as investigações, a vítima teria conhecido a garota Talita Helena Rodrigues, de 21 anos, há três anos em uma festa na cidade, e há cerca de três semanas estariam mantendo contato por telefone.
O marido de Talita, Maicon Alexandre Bepler, de 23 anos, descobriu o interesse entre os dois na segunda-feira, e armou para se encontrar com Lorenzo. Ele pediu que a esposa ligasse para a vítima ir até a casa do casal, no Parque Real, onde faria um acerto de contas e daria um susto no advogado.
Quando Lorenzo chegou ao local, foi recebido por Maicon, que logo o agrediu, deixando-o zonzo e tendo a chance de amarrá-lo com uma corda. Já dominado, o assassino teve uma conversa com o jovem advogado, quando aconteceu uma discussão. No calor do momento, Maicon bateu na cabeça de Lorenzo com um caibro, e ele desmaiou.
O rapaz foi colocado desfalecido no porta-malas do próprio veículo e foi levado para o canavial em Engenheiro Coelho, onde foi morto com um golpe de faca no pescoço.
O delegado não informou quais foram os trâmites da investigação que o fizeram chegar até o casal, mas o rapaz confessou o crime assim que foi detido. Ele apontou, inclusive, o local no canavial onde jogou a arma do crime, a corda usada para conter a vítima, os tapetes do veículo e os documentos pessoais de Lorenzo, estes últimos, queimados.
A investigação envolveu equipes da Polícia Civil de Mogi Mirim, Mogi Guaçu e Engenheiro Coelho, que trabalharam em conjunto para a elucidação do homicídio.
O desaparecimento e a morte
Nas informações compartilhadas em redes sociais dando conta do desaparecimento da vítima, um dos dados é de que ele teria saído de sua casa, no condomínio Jardim Embaixador, no Parque da Imprensa, para ir à casa de um amigo, por volta de 21h, o que nunca aconteceu. O delegado afirma que ouviu informalmente esse amigo, e que ele disse, inclusive, que nenhum encontro entre eles havia sido combinado.
A polícia acreditava, até quinta-feira, que Lorenzo teria ido para Engenheiro Coelho, mas o motivo não foi revelado. A hipótese até então era de que, após ser pego pelos bandidos, ele recebeu cerca de três pancadas na cabeça, agressão que o deixou desmaiado, e então foi dominado e morto com um golpe de faca no pescoço. Segundo a perícia feita pelo Instituto de Criminalística (IC) de Mogi Guaçu, ele teria sido morto entre 5h e 11h de terça-feira.
Entretanto, foi confirmado pelo próprio assassino que a captura de Lorenzo foi feita em Mogi Mirim, no Parque Real.
O carro e a perícia
Já na tarde de quarta-feira, por volta de 16h20, o veículo do rapaz foi encontrado no bairro Santa Cruz. Para complicar ainda mais o caso, o carro havia sido lavado, na tentativa de remover evidências que ajudassem a polícia a avançar nas investigações. A limpeza foi feita na casa do assassino.
Entretanto, na quinta-feira, os peritos realizaram duas novas perícias detalhadas no veículo, uma durante o dia e outra, à noite. A primeira foi realizada no pátio da delegacia, onde foi constatado que os tapetes de borracha do veículo haviam sumido, e foram coletadas impressões digitais, fios de cabelo e resquícios de terra.
Este último elemento será comparado em laboratório com uma amostra da terra coletada no canavial onde o corpo estava para saber se o carro do rapaz foi usado para deixá-lo no local. À noite, no pátio do IC, os peritos usaram um reagente químico para revelar possíveis manchas de sangue que teriam sido limpas pelos criminosos. Com uma luz especial em contato com o local onde o reagente foi aplicado, as manchas, mesmo invisíveis a olho nu, aparecem. No porta malas do carro, onde Lorenzo foi colocado, havia respingos de sangue, provenientes dos ferimentos que sofreu na cabeça.
Relembre o caso
O advogado Lorenzo Moraes, de 23 anos, que estava desaparecido desde a noite de segunda-feira, foi encontrado morto por volta de 18h de terça, em um canavial em Engenheiro Coelho. Segundo informações na Polícia Militar, o cadáver tinha um ferimento no pescoço.
O caso do desaparecimento do rapaz mobilizou as redes sociais durante toda a terça-feira, com compartilhamentos da foto da vítima e com os dados da ocasião do sumiço.
De acordo com informações, Lorenzo havia saído do condomínio Jardim Embaixador, no Parque da Imprensa, por volta de 21h para ir a casa de um amigo. Ele estava a bordo de um Chevrolet/Agile prata, placas FBR-2644 de Vinhedo, e seguiria o percurso até a casa do amigo nas proximidades do Hospital 22 de Outubro.
Dados compartilhados por amigos e familiares nas redes sociais davam conta de que o rapaz tinha o costume de avisar os pais para onde iria e a que horas voltaria, e como o retorno não ocorreu no horário previsto e não foi possível fazer contato com a vítima, a família suspeitou que algo errado havia acontecido.
Com a notificação à polícia do desaparecimento, começou uma busca pelo rapaz na cidade, com o apoio do helicóptero Águia da Polícia Militar sobrevoando a cidade para tentar encontrar o veículo. A divisão Anti Seqüestros da Polícia Civil também esteve em Mogi.
Apesar das buscas, o corpo foi encontrado por alguém que passava pelo sítio e fez uma ligação anônima à Polícia Militar de Engenheiro Coelho, que foi até o local e preservou a cena até a chegada dos peritos e do delegado de plantão. Familiares reconheceram o corpo que foi encaminhado ao Instituto Médico Legal para exame necroscópico.