
O policial civil Emerson Meschiari, conhecido pelos amigos como Alemão, de 45 anos, foi morto a tiros, na tarde da última segunda-feira, dia 7. O crime ocorreu na entrada da agência bancária do Bradesco, localizada à Rua Padre Roque, na região central, por volta das 14h.
Informações apuradas pela reportagem, no local, apontavam que o policial estaria atuando como segurança, para o depósito de um malote de dinheiro de um posto de combustíveis, quando foi alvejado durante um assalto. Meschiari ocupava o cargo de chefe do Setor de Investigações Gerais (SIG) da Polícia Civil de Mogi Mirim.
O resgate e o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foram acionados, mas a vítima já se encontrava sem vida. Segundo o delegado seccional de Mogi Guaçu, José Antônio Carlos de Souza, o policial foi intervir no roubo. Nesse momento, houve a troca de tiros com os assaltantes. Ao menos três disparos teriam acertado uma das mãos e o tórax do investigador-chefe. Os bandidos conseguiram fugir com o dinheiro que seria depositado. Contudo, o delegado disse, inicialmente, não saber do que se tratavam os objetos levados. Ainda de acordo com Souza, não havia mais feridos.
Delegados, investigadores, equipes da Guarda Civil Municipal (GCM), da Ronda Ostensiva Municipal (Romu) da GCM e policiais militares deram apoio à ocorrência. Peritos também estiveram no local para a coleta de provas. Havia sinais de tiros na fachada da agência, que teve a porta de entrada estilhaçada, no veículo da vítima, um Vectra preto, e em outros três carros, sendo dois deles de uma concessionária localizada em frente ao banco. A via ficou interditada e a área ao redor do banco foi cercada para preservar a cena do crime. Uma equipe de perícia da Polícia Científica (PC) coletou cerca de 20 cápsulas de pistola, de calibre 40 e 380, que estavam espalhadas na calçada e pela rua.
Uma testemunha contou ter visto uma moto, cor prata, com dois indivíduos suspeitos. Em entrevista à imprensa, logo após o ocorrido, o delegado, para não prejudicar as investigações, não informou qual veículo teria sido usado e nem quantas pessoas estariam envolvidas na ação. Souza afirmou desconhecer a versão de que o policial estaria fazendo segurança particular e apenas reforçou que a polícia trabalha na elucidação do caso.
O guarda municipal Paulo Moraes, comandante da GCM, foi um dos primeiros a chegar depois do tiroteio. Ele fazia patrulhamento pela região central, por conta do período de pagamento, no momento em que se deparou com o trânsito já fechado. Em seguida, o comandante viu o corpo de Meschiari caído na área dos caixas eletrônicos. Uma advogada, que estava nessa área da agência, disse ter visto o policial entrar no banco já ensanguentado. Desesperada, assim que escutou os disparos, ela se jogou ao chão. O veículo dela, um Honda vinho, foi um dos atingidos pelos disparos.
No final do dia, a GCM de Mogi Guaçu chegou a abordar alguns suspeitos, mas descartou qualquer relação com o crime. Até o momento, ninguém foi preso. O corpo de Meschiari foi removido pelo serviço funerário e encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML) de Mogi Guaçu. O policial foi sepultado às 14h de terça-feira, no Cemitério Colina dos Flamboyants, no Morro Vermelho. Ele deixou uma filha adolescente.
Nas redes sociais, amigos, familiares e colegas de profissão lamentaram a morte do investigador-chefe. A Polícia Civil do Estado de São Paulo também está de luto. Procurada por O POPULAR, a Assessoria de Imprensa do Bradesco informou fornecer as imagens das câmeras de monitoramento à polícia a fim de colaborar com as investigações. Os serviços de atendimento na agência bancária foram retomados na quarta-feira.
Vídeo mostra como foi a ação dos bandidos

Imagens do circuito de segurança do banco Bradesco, divulgadas na terça-feira, mostram a ação dos bandidos durante o assalto. Um dos criminosos passa em frente à agência, se abaixa e tira a arma que estava presa ao tornozelo, momento em que um representante do posto, carregando um malote, chega acompanhado do policial civil.
Em seguida, as vítimas são surpreendidas pelos ladrões. Um dos bandidos anuncia o assalto, enquanto outro criminoso, também armado, se aproxima. O funcionário joga o malote no chão e o policial reage, iniciando uma troca de tiros.
Clientes que entravam no banco e pedestres que passavam próximo ao local começam a correr. Nessa hora, o funcionário vai ao solo, após uma investida de um dos assaltantes, e se arrasta até o Honda vinho, estacionado em frente à agência. Os ladrões fogem e o policial, ferido, entra na agência, caindo na entrada do banco.
Logo depois, o representante do posto sai correndo e os bandidos voltam em uma moto. Um deles permanece na direção, enquanto o outro pega o malote, que estava no chão, e pula na garupa. A dupla foge pela Rua Vitalina Davoli Mariotoni, região do Nova Mogi. O representante do banco seria um empresário. De acordo com testemunhas, o policial fazia a escolta do homem, que rotineiramente ia ao banco para fazer depósito de dinheiro.
As imagens estão sendo analisadas pela Polícia Civil. O caso foi registrado como latrocínio, roubo seguido de morte, na Delegacia de Investigações Gerais (DIG). A polícia não revelou a quantia que estava no malote. O empresário deverá prestar depoimento nos próximos dias.
Carreira
Há 26 anos na Polícia Civil, Emerson Meschiari estava prestes a se aposentar. Ele era natural de Mogi Guaçu, mas passou a trabalhar em Mogi Mirim, em 2014, quando assumiu o SIG. O policial já atuou na DIG e na Delegacia Seccional, ambas localizadas no Guaçu.