Dia desses eu contei para vocês sobre a divisão das guloseimas lá de casa. Tem outra particularidade que fomos encontrando estratégias para lidar: a preguiça. Pensa numa família que, quando dá, é capaz de ficar “de boas” por dias, entenda-se de pijama, deitado lendo ou assistindo, levantando só para comer e banheiro. Se não for essencial, a gente nem abre a boca para falar, economiza palavras e saliva.
Se toda vez que tem uma brechinha gostamos de nos render ao pecado capital, imagina como reage o nosso cérebro quando estamos de férias?! Só quer moleza. E aí que entra o plano. Para nos obrigar ao movimento, o quarto tem que ter só beliche e banheiro, se colocar ar condicionado, colchões altos com lençóis macios, pode esquecer.
Como começamos a nos aventurar quando tínhamos muito mais vontade que dinheiro, inicialmente investimos em uma hospedagem simples para poder ir. Depois vimos que, se mantivéssemos a economia com estadia, poderíamos ampliar o período e a quantidade de lugares.
Hoje, além da questão financeira, que não devemos nunca tratar com desdenho, ficar instalado em um espaço com o mínimo do conforto é essencial para o sucesso da nossa vida turística, se é que esse termo existe.
Sendo assim, como o negócio está longe de ser bom, a gente fica na rua, com um roteiro para cada dia. Volta, banho e rua de novo, até a hora de dormir. A galera dá uma reclamada geral, inclusive euzinha, mas meu lado ditador não se abala porque, no fundo, a gente se diverte e muito. E isso já gerou tanta, mas tanta história de perrengue.
Uma vez estávamos numa ilha bem natureba e nosso hostel não tinha gerador. A energia acabou no meio da noite, o ventilador parou de funcionar, um calor dos infernos que tivemos que abrir a porta e janela do quarto, aí não tivemos coragem de dormir com medo de alguém entrar enquanto os pernilongos nos devoraram. Foram longas horas…
Mas nem de longe isso foi o pior! Na véspera de irmos embora estourou um cano de esgoto no meio da cozinha, enquanto lanchávamos…só deu tempo de juntar tudo e sair de olho fechado.
Também já reservei um quarto sem janela. Quando fui na recepção perguntar, sorridente o moço respondeu “senhora, eu passei uma foto para que visse”. Me diz aí, alguém já procurou por uma janela quando vê a foto de um quarto? Fica a dica! Mas, resumindo, fiquei choramingando e consegui trocar por outro no segundo andar que tinha janela, só não podia abrir para não correr o risco de enroscar nos fios de eletricidade da rua.
E no dia a dia, faz como para driblar a moleza? Acontece que, na mesma proporção que somos preguiçosos, somos comprometidos, mas muito comprometidos, daqueles que sofrem e vivem tensos. Vencemos nosso maior inimigo com a disciplina, a responsabilidade em fazer o que precisa ser feito, mais ainda se envolver outras pessoas. E talvez por isso, de forma instintiva, precisemos tanto de um barranco só para ficar encostado às vezes.