A depredação da Escola Estadual Altair Poletini, ocorrida na noite de segunda-feira, levanta a questão da representatividade das instituições de ensino nas comunidades em que estão inseridas. Não foi a primeira escola a sofrer um atentado e, infelizmente, não será a última, até que haja uma mudança no conceito de educação e da função destas entidades nos bairros.
Se há duas décadas, por exemplo, as escolas eram locais onde imperava a disciplina, o respeito, com a participação ativa dos pais no acompanhamento do rendimento e comportamento dos filhos, hoje a maioria dessas instituições é um depósito de crianças e adolescentes, que entram e saem por obrigação, precariamente formados na área acadêmica.
O ensinamento dos valores, que deveria vir de casa, agora é deixado a cargo da escola, que mal dá conta de preparar os alunos para o futuro profissional, que dirá como cidadãos. Fica então um vácuo de civilidade na formação da criança e do adolescente, e é esse espaço que passa a ser ocupado pela rebeldia sem causa, indisciplina e falta de respeito.
Todos os dias nas escolas, pequenos atos de vandalismo são cometidos. Seja escrever o nome em uma carteira ou depredações mais graves. A destruição pela destruição, como foi visto na Altair Poletini passa do inadmissível.
Uma escola aberta à comunidade, com a integração da população que vive no entorno, tornaria a instituição de ensino o que ela realmente é, um porto seguro onde se dissemina o aprendizado e onde são exercitados os valores. E estes valores deveriam vir dos pais, e para a escola ficar apenas a tarefa de exigi-los dos alunos, tornando a civilidade algo corrente.
É preciso então que tanto o Estado e o Município tratem de reformular o ideal de escola, de educação. Como é que uma professora pode atender com atenção 40 alunos em uma sala de aula? Como cada aluno pode ser tratado como um indivíduo, ser consciente do seu papel na sociedade se suas necessidades não são atendidas como deveriam?
Enquanto pais e educadores não se unirem para formarem crianças e adolescentes conscientes, atos violentos e de vandalismo nas escolas vão continuar ocorrendo, e uma instituição de ensino definitivamente não é lugar para atitudes ignorantes.