Santa Maria? Pinta? Nina. Em uma das caravelas de Cristóvão Colombo, quando este ‘descobriu’ a América, veio alojado um vírus. Não houve quem ou o que conseguisse freá-lo. E ele, como se fosse uma semente, encontrou solo fértil.
O vírus da corrupção está nas entranhas do Brasil. Está em outros países também, mas aqui ele prospera impávido e colosso. Não nos deixam mentir os episódios, ultimamente renovados a cada dia, do escândalo da Petrobras.
É uma coisa monstruosa. Pelo tamanho do paciente, entretanto, é normal. Afinal de contas, não nos gabamos de que a Petrobras é uma das maiores empresas do mundo? Num gigante desse porte não seria uma corrupçãozinha que se instalaria e iria abalá-la.
A corrupção é sempre proporcional ao meio em que se processa. Em outras palavras, ouvi de Ademarzinho de Barros, em determinada ocasião e circunstância, que a corrupção é inerente ao poder público.
É uma generalização. E não é injusta. Procede. A corrupção transita por onde há dinheiro. Eis a chave. Sem o vil metal não há terreno para prosperar. E onde há dinheiro às merrecas ou aos montes? Em todo lugar. Quem já se esqueceu de ter havido constatação de ladroagem até mesmo no Banco do Vaticano?
Na verdade, penso que o espanto da hora presente está em verificar que a sujeira era algo institucionalizado. Ninguém surrupia milhões de dólares se o esquema não for o de uma organização institucionalizada, em que todos os envolvidos agem sem pudor e sem medo. Ah! E sem vergonha de olhar nos olhos de seus pais, esposas, filhos e íntimos em geral.
No caso dos envolvidos no escândalo da Petrobras, ser ladrão foi profissão adotada de maneira consciente, fria, calculada. Não era – ou não é – uma coisa feita à sorrelfa, sob dissimulação.
Aliás, fico aqui pensando se não ocorre o mesmo nas outras “Bras” que figuram no elenco das estatais federais. Com certeza ocorre. Só ainda não veio a furo. Em todos os casos, afinal, é muito dinheiro. São muitos interesses.
Devemos nos resignar ante o inevitável da presença da corrupção em todos os cantos? Jamais. Mas, sinceramente, eu já não me escandalizo com essas situações. Já passamos por outras antes e vamos passar por novas. Grave é o fato de a mão da lei ser incapaz de pesar suficientemente. Ela ainda é muito branda.
Mas, o que fazer? Marta Suplicy talvez dissesse que devemos relaxar e gozar junto. De minha parte, passei da idade, se me entendem.
Agora, uma coisa é certa, embora seus agentes tentem nos convencer do contrário: o governo está ardendo em chamas. Afinal de contas, a Petrobras é a joia da coroa, é o diamante cor de rosa do Império sediado no Palácio do Planalto. Nos últimos anos, tem sido usada perto do limite da farra com o dinheiro público, para construir a imagem do governo.
Embora não seja o único responsável pelos escândalos, que procedem de décadas ou talvez da fundação da empresa, o governo Dilma vai passar para a história com essa mancha. E a história é inapagável.
Valter Abrucez é jornalista autodidata. Ocupa, atualmente, o cargo de Secretário de Comunicação Social na Prefeitura de Mogi Guaçu e escreve aos sábados em O POPULAR.