sábado, novembro 30, 2024
INICIALOpiniãoArtigosPraga do Padre – n° 654

Praga do Padre – n° 654

Na época imperial o catolicismo era considerado como religião oficial no Brasil e tinha poderes iguais ou maiores que grandes instituições civis e militares. As palavras e ações de um padre tinham o poder de derrubar poderosos, elevar humildes e influir de modo decisivo na política. Os padres eram muito respeitados e até temidos por aqueles que tinham conduta imoral na sociedade ou na política.

Em Mogi Mirim, muitos padres tiveram grande importância no progresso da cidade. Diversos participaram na política, como os padres José Joaquim Braseiros, Francisco José Malaquias, Luiz José de Brito, José Maria Cardoso de Vasconcelos (Padre José) e monsenhor João Vieria Ramalho. Padre Ramalho foi presidente da Câmara Municipal e eleito Senador do Império no período de 1853-1856.

Além do respeito pelos religiosos, o maior receio dos mogimirianos era desgostar um padre, com receio deste rogar uma praga, algo considerado terrível, com o povo costumando contar casos em que essas pragas atingiam pessoas ou locais de forma avassaladora. Diziam: “Praga de padre pega mesmo”!

“Naquele tempo, Jesus foi a Nazaré, sua terra, e seus discípulos o acompanharam. Quando chegou o sábado, começou a ensinar na sinagoga. Muitos que o escutavam ficavam admirados e diziam: ‘De onde ele recebeu tudo isso? Como conseguiu tanta sabedoria? E esses milagres realizados por suas mãos? Mas este homem não é o carpinteiro, filho de Maria e José?’ E ficaram escandalizados por causa dele. Mas Jesus lhes dizia: ‘Um profeta só não é estimado em sua pátria, entre seus parentes e amigos’”.

Em mais de 60 anos de pesquisa, nunca encontrei nenhuma praga de padre em Mogi Mirim. Mas há 33 anos, em 1987, apareceu por aqui um “vidente” que afirmou que Mogi Mirim “não ia pra frente” por motivo de uma praga lançada por padre. O tal “vidente” deve ter ouvido uma história que, na verdade, refere-se a Mogi Guaçu, baseada num fato ocorrido na vizinha cidade em 20 de agosto de 1875. Há 145 anos, uma lenda dizia que um padre guaçuano foi obrigado a atravessar o Rio Mogi Guaçu com uma cangalha nos ombros!

Isso foi um boato inverídico e a história foi outra. No dia 21 de agosto de 1875 o jornal “O Mogiano”, editado em Mogi Mirim, escreveu: “Ontem, às 10 horas da noite, um grupo com mais de 50 pessoas dirigiu-se até a casa do vigário, o padre Antonio Bento Barbosa, e quebrou os vidros das janelas e disparando muitos tiros.

Em seguida o grupo foi para os lados da Capela do Rosário, gritando, xingando e disparando tiros pelo caminho. Consta que o vigário padre Antonio pediu para ser removido de Mogi Guaçu, pois julgava ser impossível sua permanência naquela cidade depois do desacato que sofreu”.

Segundo o artigo desse jornal, de 1875, não existiu cangalha e nem a tal travessia do Rio Mogi Guaçu. Tudo não passou de um boato que atravessou os tempos. Também não consta a existência de nenhuma praga lançada contra Mogi Guaçu pelo vigário da cidade.

Mas os guaçuanos tradicionais até hoje afirmam que Mogi Guaçu ficou mais de um século sem progredir, com tragédias como as enchentes do rio, problemas sociais e políticos, por causa de uma praga que nunca existiu. Em tempo: descobri em minhas pesquisas que o motivo das represálias contra o vigário foi por ser ele do Partido Conservador e o grupo que o atacou era do Partido Liberal. Portanto, foi por vingança política.

Livros – História de Mogi Mirim e Região

Mogi Mirim, nascida da bravura dos paulistas
512 páginas e 42 fotos
A escravidão e o abolicionismo Regional
278 páginas e 56 fotos
Memórias Mogimirianas
260 páginas e 47 fotos

Vendas em Mogi Mirim

– Banca da Praça Rui Barbosa
– Papelaria Silvas Store (Toda)
– Papelaria Gazotto – Centro
– Agro Avenida – Av. 22 de Outubro
– Papelaria Carimbo Expresso

Vendas em Mogi Guaçu

– Papelaria Abecedarium – Centro
– Livraria Jodema- Shopping
– Banca da Capela
– Banco do Porta – Av. 9 de abril
– Banca do Toninho – Centro

Túnel do TEMPO
Em 16 de fevereiro de 1767, de acordo com censo realizado pelo capitão André de Lacerda, São José de Mogi Mirim tinha 1.338 habitantes, assim divididos: homens adultos – 379; menores de 14 anos – 311. Mulheres adultas – 398; menores de 14 anos – 250. Naquela época, há 253 anos, os maiores de 14 anos eram considerados adultos.

Preceitos Bíblicos
“Naquele tempo, Jesus foi a Nazaré, sua terra, e seus discípulos o acompanharam. Quando chegou o sábado, começou a ensinar na sinagoga. Muitos que o escutavam ficavam admirados e diziam: ‘De onde ele recebeu tudo isso? Como conseguiu tanta sabedoria? E esses milagres realizados por suas mãos? Mas este homem não é o carpinteiro, filho de Maria e José?’ E ficaram escandalizados por causa dele. Mas Jesus lhes dizia: ‘Um profeta só não é estimado em sua pátria, entre seus parentes e amigos’”.

RELATED ARTICLES
- Advertisment -

Most Popular

Recent Comments