Cerca de 20 alunos que frequentam o Centro Cultural Professor Lauro Monteiro de Carvalho e Silva estiveram na sessão de Câmara da última segunda-feira para protestar contra o cancelamento das aulas ministradas aos finais de semana por, pelo menos, seis professores voluntários.
O espaço, antes aberto aos sábados e domingos, era utilizado pelos profissionais para desenvolver trabalhos relacionados ao teatro, dança e à escrita, e agora permanecerá fechado como uma medida de contenção de gastos. Com cartazes em punho, os jovens cobravam do Poder Público mais atenção e espaço para a área cultural. Algumas mensagens criticavam os gastos abusivos do governo com locações de imóveis e carros de luxo.
Segundo o voluntário da Cia. Usina de Teatro, André Luiz Rodrigues, que ocupou a tribuna livre para expor o problema aos vereadores, aproximadamente 100 jovens ficarão prejudicados com o corte. Durante discurso, a vereadora Dayane Amaro (PDT) afirmou que a medida da Prefeitura em restringir o acesso à cultura fere o artigo 215 da Constituição Federal e pediu aos colegas da base governista apoio na causa. O artigo 215 prevê a valorização e a difusão das manifestações culturais.
“Os alunos ficarão ociosos. Vamos cortar gastos de onde realmente precisa”, argumentou a vereadora. Ainda de acordo com Rodrigues, a previsão era que as aulas fossem reduzidas também durante a semana, o que foi descartado pela Prefeitura. “Me ligaram no dia seguinte (na terça-feira, um dia depois da sessão) e me informaram que os cortes durante semana não vão mais acontecer”, avisou à reportagem.
Em entrevista ao O POPULAR, o diretor e coreógrafo do grupo de dança The Kings Dance, Denilson Scarpiti, disse que os professores têm um documento, protocolado na Prefeitura, autorizando o uso das salas pelo período de três meses. O aviso que o local ficaria fechado aos finais de semana foi repassado verbalmente, na última quarta-feira. Scarpiti também confirmou que, com base em um levantamento, a economia da Prefeitura com água e energia do prédio seria de apenas R$ 35 por mês, já que boa parte dos ensaios é realizada durante o dia.
O grupo do coreógrafo, composto por 35 alunos, está se preparando para uma apresentação no Festival de Dança de Rua – o Dunada Street Dance – que será realizado nos dias 14 e 15 de novembro, na cidade de Santos. “Precisamos de um espaço para ensaiar. Ainda estamos vendo, mas devemos solicitar algum ginásio”, disse à reportagem.
Descartado
A Prefeitura informou que a direção da Secretaria de Cultura e Turismo não cogitou, em nenhum momento, o cancelamento de aulas e/ou convênios da área, bem como descartou o fechamento do Centro Cultural às 14h e a alterações no horário de atendimento.
A Administração também explicou que houve somente uma consulta informal entre a secretaria e duas entidades, a Associação Beneficente José Teixeira Machado (Abtem) e Banda Lyra, sobre a possibilidade de remanejamento de aulas para as sedes das instituições no período noturno, mas a condição foi desconsiderada. A Prefeitura ainda reforçou que não existem aulas aos finais de semana no local.