Na coletiva de imprensa concedida pela secretária de Saúde, Rosa Iamarino, a respeito do programa municipal que vislumbra, até o final do ano, diminuir de 70% a 80% as enormes filas de cirurgias eletivas de Mogi Mirim, o prefeito Carlos Nelson Bueno (PSDB) roubou a cena. O mandatário, além de sentar-se ao lado dos jornalistas e fazer perguntas à secretária, ao melhor estilo repórter, desabafou, já ao final do encontro.
Sem esconder o abatimento, lamentou as críticas recebidas contra sua gestão em virtude de levar parte das eletivas para o Hospital Bom Samaritano, em Artur Nogueira, e disse que vem passando por problemas de saúde devido à pressão do cargo, muito em conta dos inúmeros percalços existentes hoje na Administração Municipal. “Prefeito é bandido, essa é a visão pública, que não faz nada. Só que estou tomando três medicamentos para dormir à noite, estou em um nível de stress grande. Estou passando dificuldade de vida”, confessou.
A fila de cerca de 1,5 mil eletivas, número que desde a semana passada passou a cair após o início dos procedimentos em Artur Nogueira, foi lamentada. O prefeito revelou incômodo com a situação. “É uma angústia saber que o Poder Público assegurou que faria a cirurgia e o mecanismo usado não funcionou. Estamos seguindo padrões do Ministério de Saúde e da área da saúde pública do Brasil”, justificou.

O comentário de Carlos Nelson fez referência ao fato de a Prefeitura, ainda na gestão do ex-prefeito Gustavo Stupp (PDT) e já em seu terceiro mandato, iniciado em janeiro do ano passado, ter repassado um montante financeiro à Santa Casa para efetuar as eletivas, e os procedimentos não terem seguido o cronograma estabelecido junto à Secretaria de Saúde.
Zumbi
Carlos Nelson admitiu que se sente pensativo a ponto até de refletir sobre o atual panorama municipal. “Confesso que tem momentos que passo na Prefeitura e às vezes me pergunto: o que estou fazendo aqui, segurando essa peteca? Estou dando praticamente a minha energia total. Saio daqui (Prefeitura) e qualquer lugar que vou sou um zumbi”, lamentou”.
A maneira como parte da população compreende a transferência das eletivas para outro município foi lamentada. “Não é exaustão de trabalho físico, é mental, pressão, desconforto. Vou à feira, supermercado, posto de gasolina, e enfrentar pessoas que, às vezes, estão passando por isso (espera na fila das cirurgias), mas não entendem no mecanismo que acontece”, ressaltou, completando que em muitas ocasiões, a fonte onde o público se informa não é a ideal. “Elas se orientam em opinião leviana, superficial, maldosa, e infelizmente a maldade se reproduz”, queixou.