sábado, novembro 23, 2024
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Prefeitura assina financiamento de R$ 18 milhões para o Laranjeiras

Parte da espera acabou. Em uma cerimônia com requintes de campanha eleitoral, o prefeito Carlos Nelson Bueno (PSDB) assinou, na tarde da última quarta-feira, o contrato de financiamento com a Caixa Econômica Federal (CEF) para obras de pavimentação asfáltica com guias e sarjetas, calçadas com acessibilidade, drenagem, rede de abastecimento de água, coletor de esgoto e sinalização viária em cerca de 20 ruas do Parque das Laranjeiras, loteamento na zona Leste da cidade e que, há décadas, busca se tornar uma área como qualquer outra em Mogi Mirim: digna. Serão R$ 18.351.437,79 somente para a infraestrutura do local, além de R$ 3.818.600,78 empregados para obras na zona Norte, fruto do convênio Avançar Cidades, ligado ao Ministério das Cidades.

Carlos Nelson Bueno assinou contrato, ao lado de Cecília Bomfim, superintendente da Caixa Econômica. (Foto: Fernando Surur)

Em uma sala da Estação Educação tomada pelo público, representantes da Caixa Econômica, secretários municipais, servidores públicos, vereadores e moradores do loteamento acompanharam, por cerca de uma hora, discursos de Carlos Nelson, do deputado estadual Barros Munhoz (PSB) e profissionais ligados ao banco federal exaltando a obtenção da verba e a responsabilidade de tornar real a tão sonhada obra.

“É um ato que nos dá uma obrigação muito grande. Embora essa assinatura tenha um caráter festivo, é importante dizer que o grande trabalho começa agora, é saber exatamente ser capaz de gerenciar esses recursos com cuidado. Seriedade, muita proficiência e saber fazer com que, na integridade, ele (dinheiro) se transforme em benefício para a população do Parque das Laranjeiras”, alertou o prefeito.

Gerente regional da superintendência da Caixa Econômica de Piracicaba, Evandro Nobre Cruz explicou à reportagem que o montante deverá ser dividido em oito parcelas trimestrais, com liberação assim que o contrato for registrado.

“Não é um recurso que vai executar para depois receber. Assim que registrar o contrato já pode pedir (o montante) porque já conta com o recurso em caixa para poder fazer o processo licitatório e garantir o pagamento em dia da operação. As construtoras não têm nenhum risco de depender de vir repasse de algum lugar”, explicou.

Sala da Estação Educação recebeu grande público para o ato de assinatura. (Foto: Fernando Surur)

Aviso
O prefeito reforçou o fato de que, entre as 47 cidades atendidas pela superintendência da Caixa na região, Mogi é a primeira a adquirir um financiamento desse porte. Disse ainda que o primeiro financiamento assinado com o banco, de R$ 5 milhões, para o recapeamento de até 35 ruas poderia ser maior.

“Aceitamos R$ 5 milhões, não aceitamos mais porque queríamos avaliar a capacidade de financiamento. Mas, esse ano que vai entrar (2019), nós vamos precisar porque a cidade tem muito problema. Então, gostaria de prepará-la”, disse o prefeito, em referência a Cecília, para risos discretos de todos os presentes.

Cansados de promessas, moradores adotam a cautela
A rotina de quem vive o dia a dia do Parque das Laranjeiras não é nada fácil. A assinatura do contrato traz esperança, mas, ao mesmo tempo, agonia de quem já ouviu inúmeras promessas, mas enfrenta as dificuldades de um loteamento sem infraestrutura adequada até hoje.

“Eu estou feliz, na expectativa que tenha alguma coisa para melhorar o nosso acesso, porque o Parque das Laranjeiras, por enquanto, está muito triste para rodar (circular). Mas, só de assinar esse contrato aqui, eu fico esperançoso em voltar a ter um acesso bom, que nem aqui na cidade (região central)”, frisou José Antônio de Soares Correia, de 33 anos, morador da rua 31 há 10 anos, e presente na assinatura do contrato na quarta-feira.

José Antônio, ao lado da esposa e da filha, conta que para transitar de moto no loteamento só sendo “piloto de rally”. (Foto: Fernando Surur)

Ele, que já viu de perto inúmeros acidentes devido às péssimas condições de tráfego, afirma que, para transitar no loteamento, só com muito cuidado. “A rua é muito ruim, cheia de barro e buraco. Se cair de moto, ih, rapaz… Para sair de carro, você sai, mas para subir (voltar), nem pensar, tem que dar a volta por cima. Para andar de moto, só piloto de rally”, relatou, contando um episódio ocorrido com o sogro.

“Outro dia, ele saiu para comprar um frango para nós almoçarmos, comemorar uma data e voltou todo ralado que caiu de moto. Minha esposa já teve a perna machucada diversas vezes que ela caiu em um buraco. Acidentes são comuns, tem que ser motoqueiro de trilha”, reforçou.

Irmã de José, Ana revelou que sua filha precisa levar um par de tênis na sacola, tamanha a quantidade de barro na rua onde vive. (Foto: Fernando Surur)

Irmã de José, Ana Soares, de 34 anos, revela que a rotina de barro e sujeira afeta diretamente a vida de todos que ali residem.

“A minha menina para ir à escola coloca um sapato no pé e tem que colocar outro (par) na sacola porque é muito barro. Quando chega na escola com o pé cheio de barro até sofre bullying porque suja a sala, é triste lá onde moramos”, lamentou. Sua filha estuda na Escola Municipal de Educação Básica (Emeb) Geraldo Alves Pinheiro, no Linda Chaib, também na zona Leste.

Ela diz que só irá comemorar quando tudo estiver em ordem. “Promessas têm muitas, mas vou festejar só depois que eu ver eles fazendo tudo mesmo”, ponderou.

RAPIDINHAS DA ASSINATURA

CONSTRANGEDOR – Ao agradecer a presença dos vereadores, Carlos Nelson citou os nomes dos oposicionistas Tiago Costa e Moacir Genuário, ambos do MDB, de Luís Roberto Tavares, o Robertinho (Patriota) e dos situacionistas Sônia Modena e Cristiano Gaioto, dupla do PPS, além de Geraldo Bertanha, o Gebê (SD). A saia-justa ficou por conta de o prefeito esquecer de mencionar o nome de Maria Helena Scudeler de Barros (PSDB), defensora assídua do mandatário na Câmara Municipal e sentada na primeira fileira da sala, ao lado da primeira-dama, a esposa do prefeito, Maria Paula Stort Bueno, e justamente ao lado de Tiago e Moacir. No final, o prefeito pediu desculpas a Maria Helena.

CALADO – Sentado à mesa que serviu para assinatura do contrato, ao lado do prefeito, Munhoz e Cecília, o vereador e presidente da Câmara Municipal, Jorge Setoguchi (PSD), não discursou. Posicionado do lado de Carlos Nelson, permaneceu calado a todo instante, mas antes e depois da solenidade, era um dos principais parceiros de conversa do mandatário. Setoguchi ainda tentou, sem sucesso, soprar para o prefeito a presença de Maria Helena. Em vão…

ELOGIOS PARTE 1– Carlos Nelson não deixou de elogiar a participação decisiva de Barros Munhoz na conquista do financiamento. “Durante os oito anos de mandato e nesses dois anos, sempre eu tive como parceiro, companheiro, conselheiro, às vezes até com algumas rusgas. Ele sempre foi o ombro direito do governo, sempre que precisamos do Munhoz, até em momentos difíceis, ele nunca falhou. Esse contrato teve início com uma insistência muito grande do Munhoz com o Geraldo Alckmin”, afagou.

ELOGIOS PARTE 2 – Não faltaram palavras bonitas à postura da Câmara Municipal por parte do prefeito. “A Câmara dos vereadores tem me dado a sustentação necessária. Eu tenho tido o apoio da Câmara muito grande porque nenhum secretário municipal é indicado por vereadores. Todos os vereadores da Câmara nos momentos mais difíceis não falharam, se ofereceram, sempre aceitei ajuda. Tive audiências em Brasília com vereadores da oposição em função da oferta para conversar com ministros”, saudou.

SEM FORASTEIROS – Também não faltaram críticas à gestão do ex-prefeito Gustavo Stupp. “Nós estamos sucedendo um governo em Mogi Mirim que, em determinado momento, teve 300 funcionários comissionados de fora da Prefeitura. Hoje a prefeitura tem 22, 23 secretários municipais, 12 são de carreira. Nenhum cidadão que não seja mogimiriano exerce qualquer função na administração”, garantiu.

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