A crise financeira e administrativa parece não ter fim no Mogi Mirim. E a situação vem ganhando novos ingredientes a cada semana. Em entrevista coletiva na tarde de ontem, na sala de imprensa do Estádio Vail Chaves, o presidente Luiz Oliveira disse que o Mogi vem sendo alvo da ação de um grupo de empresários, segundo ele, de origem duvidosa, visando prejudicar o já conturbado ambiente do clube. Segundo ele, parte do elenco é capitaneado pelos profissionais, e forçados a ingressarem na Justiça contra o clube, muitas vezes sem justificativa plausível e com alegação que não condiz com a realidade.
“A gente vem sofrendo um plano de falsos empresários ou pseudoempresários, ou melhor, atravessadores travestidos de empresários, que sempre gravitaram em torno do clube, para tirar os talentos. Estamos enfrentando um problema desse com o Keké”, acusou, em referência ao atacante que atuou pelo Mogi nessa temporada.
Luiz explicou que o atleta ingressou na Justiça contra o clube pleiteando a rescisão direta do contrato. As ações trabalhistas não se restringem apenas ao jogador, mas sim a outros atletas que compuseram o elenco ao longo do ano.
A maioria das reclamações está relacionada ao atraso de salários. “Diz que está com quatro meses de salários atrasados, nunca aconteceu isso, o máximo aqui foram dois meses de salário”, relatou.

Organizada
O presidente acusou o grupo de forçar a saída dos atletas pela porta dos fundos, prática que se tornou comum nos últimos meses. “O Mogi tem enfrentado uma ação organizada e muito bem arquitetada para poder tumultuar ainda mais o ambiente do clube, não só com o Keké”, lamentou.
Outro exemplo citado por Luiz foi com o meia Diego Torres, que após receber uma proposta do Figueirense-SC, bater na porta de sua sala, e até de forma emocionada, pedir sua liberação, justificando ser a proposta de sua vida, pelo fato de poder se transferir para um clube de Série A do Brasileiro, ingressou com uma ação contra o Mogi logo depois.
“Passou dez dias da liberação, entrou com uma ação contra o Mogi porque ele foi cooptado por uma advogado. É uma coisa orquestrada de forma proposital, o cara recebe e depois vem falar que não recebe. Eles inventam outras despesas”, criticou.
O presidente do Mogi Mirim disse ainda que as ações são feitas em grupo, e que o clube faz um enorme esforço para colocar a situação em dia.
Temporada comprometida e fechamento do Mogi
Luiz não esconde que a grave crise financeira atravessada pelo Sapo, de acordo com ele, existente no clube há vários anos, pode ter impacto direto na preparação da equipe para a temporada do ano que vem, quando o Mogi disputará a Série A-2 do Campeonato Paulista e a Série C do Brasileiro. Indagado pela imprensa a que ponto a situação compromete o clube, o presidente não se omitiu. “Ela é grave e eu acho que interfere diretamente no andamento do clube, em todos os sentidos”, alertou.
Questionado por O POPULAR se o Sapo, caso continue nessa situação pelos próximos anos, pode até fechar as portas, respondeu não descartar a possibilidade. “Eu acho que sim, isso é óbvio. Quantos clubes não fecharam as portas? O duro é você ter o peito de falar isso. Põe outro presidente aqui, quero ver o que ele vai fazer. Quem tem uma fórmula mágica para solucionar o problema? Não existe”, provocou.