Sem receber os salários atrasados prometidos pelo presidente Luiz Henrique de Oliveira, os jogadores do Mogi Mirim não entraram em campo para enfrentar o Ypiranga-RS na tarde deste sábado, no Estádio Vail Chaves, pela 14ª rodada do Campeonato Brasileiro da Série C. No capítulo mais triste da história do clube em campo, o Sapo registrou W.O., proporcionando ao time gaúcho uma vitória sem precisar jogar.
Seguindo o Regulamento Geral das Competições da CBF, às 15h30, horário marcado para o jogo, o árbitro Paulo Sérgio Santos Moreira aguardou 30 minutos para o Mogi Mirim se apresentar com no mínimo sete jogadores. Como nenhum atleta do Sapo entrou em campo, foi decretado o W.O. e vitória do Ypiranga por 3 a 0.

Agora, a principal expectativa é em relação às medidas que serão tomadas por Luiz para a continuidade na competição. Caso decida abandonar o campeonato, hipótese não descartada pelo dirigente, o Mogi Mirim será automaticamente suspenso por dois anos de competições coordenadas pela CBF, conforme prevê o artigo 61 do Regulamento Geral das Competições da Confederação Brasileira de Futebol. Em entrevista a O POPULAR, o presidente do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), Ronaldo Piacente, esclareceu que a punição não abrange as competições estaduais, organizadas pelas federações, que contam com regulamentos específicos. Desta forma, o Mogi poderia disputar normalmente o Campeonato Paulista da Série A-3, mas perderia o direito de jogar a Série D do Brasileiro.
Porém, uma punição mais branda é aplicada caso o time, em vez de abandonar, registre um segundo W.O., situação que prevê a exclusão da competição, mas não suspende o clube por dois anos.
Devido ao W.O. deste sábado, o Mogi sofrerá uma multa de R$ 5 mil, além das punições previstas pelo Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD). Pelo artigo 203, o W.O. gera pena de R$ 100 a R$ 100 mil.
Em entrevista coletiva neste sábado, Luiz disse que tentará terminar o campeonato, mas colocou que a decisão será estudada com o departamento jurídico do clube. O dirigente revelou a intenção de entrar com ações contra jogadores por abandono de emprego e não demonstrou muita esperança na possibilidade dos atletas resolverem entrar em campo no próximo sábado, quando a equipe tem jogo marcado contra o Tupi, às 16h, em Minas Gerais. Para voltar a treinar e entrar em campo, o elenco exige o pagamento de no mínimo um mês de salário atrasado por jogador e em espécie.

Reunião
Por volta de 14h30, os jogadores estavam reunidos na sala do presidente Luiz Oliveira. Aproximadamente às 15h, foram para um quarto do alojamento no estádio e se reuniram apenas entre eles, a portas fechadas. Depois, revelaram a decisão de registrar o W.O.
Líder do elenco, o meia Cristian disse que Luiz propôs entregar um cheque com o valor de um salário atrasado de cada jogador. Porém, contou que o próprio presidente disse que o cheque não teria fundo. O elenco já havia dito que só aceitaria o pagamento em espécie. Na coletiva, Luiz negou que tenha oferecido um cheque aos jogadores.
O presidente também manteve o discurso de que há no máximo dois meses de salários atrasados no elenco. Porém, Cristian disse que a situação varia de atleta para atleta, chegando a até sete meses de atraso.