No terceiro capítulo de suas histórias no Boteco, o ex-profissional Givanildo Silva, o Preto, recorda momentos no Mogi Mirim, Paysandu e revela quais seus jogos inesquecíveis.
Boteco – A contusão sempre foi o que te prejudicou?
Preto – Sempre, no Mogi eu tinha 17 anos, eu ia pro Corinthians jogar a Copa São Paulo, Seo Wilson não liberou. Aí jogamos o Brasileiro (Série B de 1995), era Central-PE, Atlético-PR, nós e Coritiba-PR (no quadrangular final). Aí eu machuquei o joelho depois no ano seguinte, contra o São Paulo, machuquei a primeira vez.
Boteco – No Mogi, você começou pela base?
Preto – Nosso aspirante era eu, Dininho, Zé Luís, Luiz Mário, Nino, Rodrigo (Caetano), que está no Flamengo, diretor. O principal jogou, a gente jogou antes, eu machuquei o joelho. Depois eu joguei um jogo que estavam o Denílson, o França, até que o Paulão bateu a cabeça na trave, eu tava atrás. A gente ganhou de 2 a 1 (Paulista de 1996). Esse era o principal, o ataque era Leto e Válber (Leto e Valdo), eu entrei no segundo tempo, até perdi um gol de cara com o Zetti, fui marcar, o Pedro Luís empurrou o Paulão, bateu a cabeça, virou a língua, depois ele acordou querendo voltar, não sabia nem onde tava. (Escalações do jogo – São Paulo: Zetti; Edinho, Pedro Luiz, Sorlei e Serginho (Edmílson); Lima, Beletti (Denílson), Sandoval (França) e André; Luciano e Valdir. Técnico: Muricy Ramalho. Mogi Mirim: Ailton Cruz (Pitarelli); Capone, Paulão, Ilton e Pedro Aruba; Ricardo Lima, Damon, Moreno (Lélis) e Dutra (Preto); Leto e Valdo. Técnico: José Carlos Serrão).
Boteco – Quem te lançou no Paysandu?
Preto – Foi o Tata, auxiliar do Muricy. Mas não deu sequência. Aí o João Avelino me colocou mais. Aí o Serrão me colocou no clássico Paysandu e Remo, o goleiro era o Clemer, lembro ainda que eu saí de cara, dei uma cabeçada, a bola bateu, foi na mão do Clemer. Luiz Muller que fez o gol, ganharam de 1 a 0.
Boteco – Como você veio para o Mogi?
Preto – Vim do Paysandu. O Henrique Lanhelas, que jogou no Mogi, era olheiro do Seo Wilson, ele me indicou, aí o Roberto foi lá ver, o Serrão deve ter falado também e aí eles me trouxeram.
Boteco – O Mogi comprou seu passe?
Preto – Na verdade, eu não sei que rolo eles fizeram, sei que na época foi 60 mil.
Boteco – Qual foi seu jogo inesquecível?
Preto – No Serra. Eu cheguei lá, estava machucado, roxo a perna, a torcida me esperando, eu prometi o título. Aí o presidente chegou na segunda-feira: cadê o Preto? Tá no DM. Aí ele foi ver, eu estava fazendo tratamento, roxo, aí ele: “pô, sacanagem, tu me pediu, depositei o dinheiro pra você, paguei a transferência e você, machucado”. Aí eu: “nada, o jogo é domingo, vou jogar. Isso não é um agravante, o agravante é que minha mulher deu mola hidatiforme, é um tipo de câncer e tem que fazer quimioterapia e você tem que trazer ela e fazer”. Aí ele: “pô, ainda mais essa?”. Foi inesquecível porque eu levava ela pra fazer a quimioterapia e chegou uma hora que a torcida começou a cobrar, porque eu não estava mais rendendo, eu não estava nem treinando. Aí ela ficava numa casa lá em cima que dava pra ver dentro do campo, eu fazia os gols, fiz dois nas oitavas, dois nas quartas e dois na final. Aí eu fazia o gol, ia pra ela e a torcida todinha vibrava.
Boteco – A torcida sabia?
Preto – Sabia, apoiou, foi legal para a recuperação dela, depois disso, a torcida até hoje gosta de mim.
Boteco – Preto volta, no último capítulo de seu bate-papo, para lembrar histórias divertidas no futebol profissional e amador.