Se tratando de família, se tem um assunto que rende muita história é festa de aniversário. Em casa são 17 anos de experiência com 32 temas diferentes. Já aprendi a fazer polvo de bexiga. Já levei um arco delas dentro de um carro minúsculo, tipo palhaçada do circo.
Já andei empurrando carrinho de sorvete pelo bairro, já chamei muito mais crianças do que cabia na minha casa e fiquei contando os minutos para tudo aquilo acabar de tanta preocupação. Posso dizer que sou PHD na artimanha, mas nada, nada se compara ao sonho do primeiro ano.
Essa festa está no kit de ilusões da gravidez. Faz parte do imaginário de todas as mães. A criança mal nasceu e a gente já está pensando em como vai ser. Do melhor local ao tema da decoração. Psicologicamente falando, acredito que tenha a ver com o orgulho da cria, com a vontade de exibi-lo ao mundo, tipo aquela cena clássica do filme Rei Leão, quando o Rafiki levanta o Simba ao horizonte.
Só que, na prática, é tudo beeeemmm caótico. Isso porque bebê é bebê. Se está com fome, tem que comer. Bateu o sono, tem que dormir. Junte-se a isso a música ambiente, muita gente (sim, convidamos a prima do tio da vizinha) falando alto e junto. Cada convidado que chega passa a mão na criança e dá um beijo. Isso quando não quer mostrar intimidade e tira do colo dos pais ou faz aquela gracinha bem chata.
Também tem a questão da roupa, que tem que ser bem especial. Linda, marcante, combinando com o contexto, da mesma cor que a da mãe… E tantas outras coisas que nem de perto levam em conta o conforto.
Tudo isso por no mínimo quatro horas. Acho que, até hoje, não fui em uma festa de um ano em que o aniversariante não tenha chorado a maior parte do tempo, com aquela cara de “por favor me tira daqui”.
Depois de reconhecida a “fria”, no segundo a gente já melhora: só chama a família e aqueles amigos bem íntimos, até o dia que a criança vai para a escola e maravilha: dá para resolver tudo por lá e só ir embora com o porta-malas cheio de presente. Depois, conforme vão crescendo, vamos alinhando a expectativa e fazendo aquilo que tem significado para eles até o momento que eu estou hoje.
A que os pais atrapalham e seria bem melhor se não estivermos presentes. Mas tudo bem. É o ciclo da vida, cujo objetivo é regar as asas para que elas cresçam sempre mais e possam voar pelo mundo. Enquanto isso, fazemos #TBT em nossas redes sociais com imagens do primeiro fiasco. Quero dizer, aniversário!