sexta-feira, setembro 20, 2024
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Privatização e transparência

Um dos mais polêmicos e tocantes assuntos levantados no ano passado em Mogi Mirim foi a questão do Serviço Autônomo de Água e Esgotos (Saae) e a possível privatização dos serviços da autarquia. A proposta foi apresentada em audiência pública e a Administração tratou o assunto com total prioridade, fazendo aprovar a lei na Câmara Municipal sem qualquer possibilidade de discussão. A base aliada, em silêncio, tratou de garantir os votos necessários para impor à cidade um modelo de gestão controvertido, de sérias consequências e passível de questionamentos técnicos indispensáveis.

A situação financeira do Saae é, segundo o prefeito Gustavo Stupp (PDT), deficitária. A incapacidade de investimentos futuros poderia comprometer o serviço, daí a necessidade de se ter uma válvula que permita a intervenção de uma empresa terceirizada para o investimento necessário e a execução dos serviços.

Em entrevista a O POPULAR, o prefeito atacou os críticos que se apressaram em ver na aprovação da lei a “privatização” do Saae e a perda de um patrimônio da Administração municipal. Stupp mostrou-se contrariado com as notícias e manifestações na Câmara Municipal quanto ao temor de haver demissões no quadro de servidores.

Talvez não tenha ocorrido à equipe de governo a total inabilidade demonstrada ao longo do primeiro ano à frente da Prefeitura para estabelecer um canal de diálogo com a sociedade. Se Stupp se mostrou sensibilizado com o que chamou de mentiras, também em nenhum momento veio a público explicar o projeto, rebater os argumentos, justificar as medidas.

Na Câmara, a bancada de situação simplesmente cumpriu o papel de votar todos os projetos em silêncio, sem ao menos se dar ao trabalho de justificar seu voto. Alguns vereadores, em especial Dayane Amaro que se envolveu em intensa polêmica nas redes sociais, se defenderam dizendo ter votado de consciência tranquila, mas voltaram as costas aos cidadãos negando suas explicações. Ou seja, prevaleceu o voto de cabresto e as manipulações de bastidores que, agora sabe-se, foram constrangedoras.

Com isso, Stupp e seu grupo encerraram 2013 sem avançar em termos de administração, acumularam um prejuízo de popularidade vital, não conseguiram sequer tornar visíveis os poucos avanços obtidos. Insistem na política de bastidores, de conluios, de pressão.

Se o espírito marqueteiro de Stupp não aflorar e mudar sua estratégia de comunicação, não se surpreendam se a taxa de rejeição ao final de mais um ano concorra com a péssima impressão deixada por seu antecessor, que, aparentemente cansado da política, jogou às favas seu compromisso de transparência e diálogo com a sociedade.

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