A frase que eu mais ouvi até hoje é que “professor é desvalorizado”. Acho uma pena que entre a grandeza que representa, fique o estigma. Para mim, está no grupo das profissões que faz sentido por ser capaz de modificar a vida das pessoas. Sabe quando a gente é criança e o amigo faz pezinho para ver sobre o muro? É isso! E, parafraseando Albert Einstein, uma mente que se abre nunca mais volta ao seu tamanho original!
Lá em casa todo mundo foi para a escola bem cedo. A Gabi com um ano e meio e o Neto com nove meses. Isso teve papel fundamental na vida deles e foi um grande aliado para mim. Me dava segurança para que pudesse trabalhar em período integral. Ainda hoje vejo como uma rede de apoio e por isso é tão importante escolher um lugar cujas ideias sejam alinhadas, o máximo possível, com as crenças da família.
Não sei dizer quantas vezes os vi entusiasmados com as discussões propostas por professores. Quantas vezes já chegaram cheio de assunto, precisando transbordar o mundo novo que acabaram de conhecer. E haja talento para fazer uma criança gostar de filosofia e para “dominar” um grupo tão extenso. E, nesta hora, além de aprender sobre coisas, aprendemos também sobre o humano que está lá por trás, pela lente dos nossos filhos, ainda tão menos machucados pela vida e, portanto, tão mais leves.
Já teve muita coisa engraçada. Quando a Gabi era bem pequena chegou em casa falando que “o namorado da tia era um cavalo” depois de ouvir a conversa dela com uma amiga na porta da sala de aula. Eles se casaram e até hoje, quando o vejo na rua, dou risada sozinha.
Sem falar na referência para a escolha da profissão. Ainda no primeiro ano do Ensino Médio, o Neto está entusiasmadíssimo com a engenharia mecânica por conta da forma com que o professor de física ensina sobre a ação das forças. Mas já pensou em ser professor de educação física porque admirava o comando das aulas de tênis.
E se teve algo positivo nesse sistema online foi humanizar o professor. Achei sensacional! Como um pacto velado, deixar os alunos participarem da intimidade da casa foi uma maneira de diminuir a distância para ninguém se sentir sozinho. Nem do lado de lá, nem de cá.
Tem gato passando na frente da tela do computador, tem foto da família no porta-retrato e tem muita resiliência em ensinar usando tecnologias de uma forma que nunca haviam feito antes. E, por falar nisso, ficou muito claro para mim o quanto precisamos de todas essas relações no nosso processo de desenvolvimento humano.