No ano em que completaria 15 anos no Ministério Público de Mogi Mirim, o promotor de justiça, Rogério José Filócomo Júnior se despede da cidade e começa uma nova caminhada, em outra comarca. Um dos nomes mais conhecidos da promotoria, Filócomo passará a atuar em Bragança Paulista, a partir de maio.
O promotor, hoje com 44 anos, desde que se casou, há alguns anos, passou a residir em Bragança e se dividia, diariamente, entre as duas cidades. “No mês de fevereiro postulei minha promoção ao cargo de 3° Promotor de Justiça de Bragança Paulista. Na data de hoje, via Diário Oficial, tomei conhecimento da minha indicação para o cargo, com início do exercício das funções já em maio”, disse, em uma nota de agradecimento à imprensa.
No agradecimento, Filócomo relembra o início dos trabalhos por aqui. “No início do trabalho, como estava residindo em Mogi Mirim, notei que que o MP não era tão conhecido na cidade. Pelos jornais, era difícil ler alguma matéria relacionada a atuação do promotor. Assim, tomei a decisão de abrir as portas da promotoria para a imprensa. Concedi uma primeira coletiva no gabinete aos jornais da cidade. A partir daí, houve a construção de um relacionamento sério entre MP e a imprensa”, conta.
Com a grande visibilidade que passou a ter, a responsabilidade veio no mesmo sentido. “O MP passou a receber mais pessoas trazendo denúncias, reclamações, etc. A publicidade também trouxe muita cobrança. E só eu sei o quanto fui cobrado”, diz.
Assim como as cobranças, o promotor também sabe que colecionou adversários em sua trajetória. “Sei que ganhei muitos inimigos pelo caminho. Alguns até pela ignorância em compreender o trabalho do promotor como advogado da sociedade e fiscal da lei”.
O POPULAR conversou com o promotor por telefone e traz algumas respostas do promotor, quando se despede. Confira alguns trechos:
Quem era o Rogério quando chegou e quem é agora, quando está indo embora?
Aquele tinha 29 anos de idade, era solteiro, tinha cabelo preto (risos)… E o que deixa tem 44 anos, é casado, com dois filhos, e cabelos brancos, mas no sentido que, é claro, você vai ganhando experiência. O que eu sempre digo é o seguinte: a competência ninguém tira de você, independentemente da idade, se é mais jovem ou se é mais velho profissionalmente… Então, desde muito cedo, em 23 anos que eu sou promotor, sempre procurei estudar todos os casos. Sempre entendi que esse lado competente foi meu lado forte, mas também a experiência te traz uma certa tranquilidade, segurança para você resolver as coisas. Agora, em Mogi Mirim, por exemplo, com 15 anos de trabalho, tinha coisa que eu resolvia por telefone, em uma conversa… Muitas vezes eu não precisava nem entrar com ações. Essa experiência também é importante.
Há algum caso marcante?
Todos os casos são marcantes, tanto os vitoriosos quanto os perdidos. Até hoje, com 20 anos de carreira, uma coisa que sempre me deixa marcado, mas de um lado negativo, são os crimes sexuais contra crianças e adolescentes. Ainda, infelizmente, existem esses crimes e por outro lado, fazemos o trabalho profissional, mas, pelo lado humano, ficamos assustados de ver como um familiar, um pai, uma mãe ou um conhecido da família tem a coragem, a ousadia, de abusar sexualmente de uma criança. Isso sempre deixa a gente muito revoltado, com sentimentos aflorados, sentimento de raiva.
Por outro lado, tivemos casos marcantes de saúde pública, de conseguir cirurgias, medicamentos para quem estava precisando e, em razão da inércia do Poder Público, corria risco e o MP conseguiu. As condenações do júri também: estou há 15 anos em Mogi Mirim fazendo júris, de 15 a 20 plenárias por ano e, nesse tempo, somente quatro eu perdi. Então, esse é o lado positivo que me marcou em Mogi Mirim: o quanto o cidadão e a sociedade creditaram no promotor de justiça a sua esperança e isso me marcou muito.
