Um conhecido de padaria, um raro leitor, dia desses me cumprimentou efusivamente e, em seguida, perguntou-me se eu não estava contente com a queda de popularidade da presidente Dilma Rousseff, visto que o fato abre a possibilidade de um segundo turno nas próximas eleições presidenciais e, portanto, uma polarização na disputa que, a se confirmar, pode significar o fim do PT na governança federal.
Tenho por hábito discutir futebol dentro de um campo de futebol; religião em sacristia; e política em reuniões de partido. Como há anos não frequento estádios de futebol, igrejas e partidos políticos – só padarias, calçadas, restaurantes e lojas de 1,99 – retornei-lhe à pergunta que me fizera e ele se safou com a resposta “eu perguntei primeiro”.
Não. Definitivamente não acho que por motivos particulares eu deva torcer para o descrédito total da presidente Dilma. É certo e sabido que ela vem se mostrando um embuste como a grande gerentona que o Lulla da Sillva vendeu a pouco menos da metade dos eleitores dos brasileiros, nas eleições de 2010. Tudo está dando errado no seu governo. Ou melhor, no governo que ela herdou do seu padrinho político: Lulla da Sillva. E insisto nisso. Começou logo nos primeiros meses de seu governo, quando ela teve que chutar rampa abaixo nada menos do que o trazeiro de seis ministros que veio no seu pacote petista. Os juros que vinham baixando, começaram a subir para barrar a inflação e nada disso deu certo: os juros voltaram a ser os maiores do planeta e a inflação, segundo especialistas, vai ultrapassar a meta estipulada pelo Banco Central.
Falar do escândalo da Petrobras, então, é constatar que o fogo queima, a água molha e a lama suja os mais sublimes colarinhos da república petista. E para quem pensa que a compra da refinaria Pasadena foi um descalabro, por conta do 1,2 bilhão de dólares jogado fora, bem, a compra da refinaria de Okinawa, que ocorreu logo após Pasadena, é rombo de bilhões de dólares, também autorizado pela então presidente do conselho petroleiro, Dilma Rousseff. E aqui lembro daquela piada do tenor que foi vaiado. Vocês não gostaram de mim?, perguntou ele. E arrematou: É que vocês ainda não viram o barítono que vem vindo aí.
Eu gostaria de aplaudir o governo da presidente Dilma Rousseff. Gostaria que ela fosse eleita no primeiro turno e continuasse o seu ótimo governo. Afinal, se ela está indo muito mal é sinal que a vida de cada um de nós também vai para o mesmo buraco. Infelizmente, ela recebeu do seu padrinho Lulla uma herança maldita e ela será repartida fraternalmente entre todos os brasileiros. Gasolina, etanol e energia elétrica vão subir significativamente logo após as eleições e, é claro, o consumo vai cair e o desemprego será mais um triste recorde que o governo petista terá que pendurar no pescoço.
Leio que o vice-presidente da Câmara, André Vargas, petista de carteirinha, viajou de jatinho alugado pelo doleiro Alberto Youssef, de quem confessou ser amigo “há mais de vinte anos”. Youssef está preso na Polícia Federal pelo seu envolvimento com uma quadrilha que lesou os cofres públicos em cerca de 10 bilhões de reais. Assim, Dilma Rousseff e Alberto Youssef são apenas donos de um sobrenome que dá rima e que nada soluciona.
Mesmo porque a primeira foi incompetente até para administrar uma lojinha de 1,99 e o segundo, competente até demais para se safar mais uma vez da cadeia. Para quem não sabe, Yousseff, anos atrás, aceitou fazer delação premiada no caso Banestado: pagou um milhão de reais de multa e, livre e solto, todo pimpão, voltou a lavar dinheiro corrupto. O fato, enfim, é que quando o governo se dana, nos danamos todos. Vale a pena?, perguntei ao raro leitor.
E o chato é que o pingado esfriou e o pão na chapa endureceu. Política, enfim, não é para discutir em padaria.
Zeza Amaral é jornalista, escritor e músico