O plenário da Câmara Municipal vai decidir se será ou não instaurada uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar as denúncias de irregularidades na qualidade da merenda escolar da rede municipal de ensino de Mogi Mirim. Pedido nesse sentido foi protocolado na tarde de quarta-feira, 18, na secretaria do Legislativo. Assim, requerimento pedindo a abertura da CPI deve ser votado já na sessão de segunda-feira, 23.
O documento conta com a assinatura dos vereadores Tiago Costa (MDB), Joelma Franco da Cunha (PTB), Marcos Paulo Segatti (PSD), Geraldo Vicente Bertanha (União Brasil), João Victor Gasparini (União Brasil), Luís Roberto Tavares (PL) e Cinoê Duzo (PTB). A decisão de abrir uma CPI foi uma consequência das denúncias de má qualidade dos alimentos usados na merenda escolar da rede municipal.
Tiago e Joelma, inclusive, visitaram algumas unidades escolares no início da semana e até mesmo o Banco de Alimentos, local onde os mantimentos são armazenados. De lá, denunciaram a existência de alimentos impróprios para consumo, como arroz, feijão, macarrão, leite em pó e carne.
Segundo os vereadores, macarrão, arroz e feijão estavam com “caruncho”. Em algumas escolas, eles flagraram larvas nos pacotes de feijão e macarrão. Já a carne tinha muito sebo. Funcionários das escolas relataram ainda sobre o aspecto suspeito do leite em pó.
Eles chegaram a acionar a Polícia Militar e a Polícia Civil que, posteriormente, pediu a presença do Instituto de Criminalística para análise dos alimentos. Marcos Segatti também constatou irregularidades em unidades de ensino. “Merenda que estamos fiscalizando há dias, denúncias de arroz, feijão, macarrão, leite com bichos e estragado. Carnes só sebo e provas que encaminharemos para o Ministério Público”, disse Tiago em suas redes sociais.
“Nenhuma merendeira é inconsequente de jogar uma comida estragada na mão e na boca de uma criança, não tivemos isso. Nossa intenção é descobrir porque está chegando desse jeito. É dinheiro público, é dinheiro nosso jogado lá na entrega”, disse o vereador Marcos Segatti. Ao lado de Joelma e de Tiago Costa, ele participou de uma live quando o pedido de abertura da CPI foi protocolado.
Para Joelma, é preciso entender o que aconteceu e onde está a falha. “Vamos tentar corrigir o problema, é o fornecedor, a licitação, a logística, a falta de fiscalização, o armazenamento, a falta de estrutura dentro das escolas? Tudo isso vamos buscar respostas”, acrescentou Tiago. “Seja na aquisição do alimento até a entrega no prato para a criança, tem que primar pela qualidade, pela responsabilidade”, reforçou a vereadora.
Outro lado
Em nota divulgada no início da semana, a Secretaria de Educação de Mogi Mirim informou ter constatado que alguns alimentos como arroz, feijão e leite em pó da merenda escolar estavam impróprios para o consumo, mesmo estando dentro da data de validade.
Com isso, os alimentos foram imediatamente trocados e encaminhados ao galpão da secretaria para serem retirados por seus fornecedores que realizarão a troca para a Prefeitura, frisando que os procedimentos estão dentro das normas da Vigilância Sanitária e que não haverá novos gastos para a municipalidade.
A pasta ressaltou ainda que impediu que os alimentos impróprios fossem preparados e servidos às crianças e que todos os procedimentos foram acompanhados pela nutricionista da pasta, Silvia Maria Sozza, e pelo chefe de equipe da merenda, Genivaldo Luiz da Silva.
Nesta quarta-feira, 18, a Prefeitura publicou um vídeo em suas redes sociais, reforçando que todos os procedimentos em relação à merenda estão corretos. Ressalta que todo produto que apresenta qualidade duvidosa é imediatamente trocado. “Eu sou um pai de família, não ia deixar uma criança comer uma coisa totalmente com problema”, disse Genivaldo no vídeo
O secretário de negócios jurídicos, Eliseu Vasconcelos, confirma no vídeo que todo lote de leite em pó que apresentou aspecto incomum foi recolhido para troca. “Não gerou prejuízo para o erário”, frisou. A secretária de educação, Ana Lucia Perucchi, ressalta que a preocupação com a merenda escolar existe no dia a dia da pasta.
“Chega a mercadoria, as merendeiras olham a validade e o aspecto. É uma prática diária de toda a nossa equipe, para que a criança receba o alimento de melhor qualidade”, frisou.