sábado, novembro 23, 2024
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Quando este genocídio vai acabar?

Você sabe que Mogi Mirim, o nome dado à terra em que moramos, tem origem indígena, correto? Nas poucas aulas sobre a história da cidade ouvimos falar em seu significado, o “Pequeno Rio das Cobras”. Mogi Guaçu, nossa vizinha, é o “Grande Rio das Cobras”. E são muitos e muitos outros exemplos da influência de idiomas ligados aos povos originários que acabaram por dar denominação a povoados posteriormente elevados a municípios.

Ainda sobre o pouco que aprendemos na escola sobre as nossas origens, foi apagado que, ao tomar posse do país, área a área, inclusive nesta em que vivemos, os colonizadores mataram centenas, milhares, milhões de indígenas. Tudo ao custo de território, dinheiro e poder.
Crianças foram violentadas. Mulheres foram estupradas. E este é um processo que ocorreu aqui, com os Caiapós, bem como em cada centímetro de terra deste país chamado Brasil devido à árvore cultivada pelos primários moradores e que, assim como os índios, também beira a extinção.

É triste falar sobre este episódio de morte contra seres humanos ocorrido em nosso solo, mas é a realidade e o passado não pode ser apagado. Só que mais triste ainda é que continuamos a testemunhar o processo de aniquilamento dos “primeiros brasileiros” e parecemos inertes. Quando este genocídio vai acabar?

As notícias recentes da tragédia humanitária em território yanomami comove muito pouco. Muito, mas muito menos do que tristes acontecimentos com povos sem relação com o nosso. Mais uma vez, como foi séculos atrás, a exploração da terra, por posse, grana e controle motiva homens a matar homens. O requinte de crueldade é que o avanço do garimpo ilegal não leva só a assassinatos bárbaros, mas usuais.

Até mesmo a desnutrição e a falta de apoio médico atingem os indígenas, que deveriam ter não só o respaldo do estado em relação à saúde, como também em defesa de territórios que os pertencem. Muito já foi tirado, ao custo de sangue, vidas e almas, durante mais de 500 anos de exploração. Mas estamos em 2023. Em teoria, aprendemos o que é civilidade. Aprendemos o que é humanidade.

Aprendemos o conceito bíblico de respeitar o próximo, inclusive, lembrando da parábola em que Jesus Cristo fala “É mais fácil um camelo entrar pelo buraco de uma agulha, do que um rico entrar no Reino de Deus”. Esta passagem não fala de todo rico. Fala daquele que coloca seu delírio por dinheiro acima de sua humanidade. E assim é com quem mata por terra, por avareza.

E também para aqueles que compactuam com este tipo de atitude. O garimpo ilegal é um câncer. Corrompe e mata. E tira até a credibilidade o extrativismo correto, baseado na lei e na ordem. E, se não é para legalizar o que a elite lá atrás definiu como ilegal, que seja tomada a mesma medida contra garimpeiros desordeiros e assassinos, grilheiros e tudo o mais que envergonha o nosso país.

Assim, esperamos das autoridades ações eficazes e permanentes contra as atividades ilícitas e em defesa da vida. Seja lá de qual irmão estivermos falando, mas, sobretudo agora, em meio a um caos cheio de precedente e que deveria ter terminado séculos atrás, contra um povo que, desde 1500, sofre na mão da ganância humana.

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