Nos últimos dias, o transporte público foi tema de amplo debate. Nas redes sociais, na Câmara Municipal e, ao que tudo indica, seria tema de debate também nas rodas de discussão em praças e bares. É, talvez nestes últimos, não seria. Mas deveria ser. Aliás, o transporte público deve ser sempre tema de discussão.
Estamos em um planeta cada vez mais apressado e os meios de locomoção são fundamentais. Todavia, nem todos têm condição de ter um carro ou uma moto. Até mesmo bicicletas. Além disso, os veículos, em sua gigante maioria, são movidos com fontes de energia que comprometem o meio ambiente. Compartilhar o transporte é, portanto, uma ferramenta para contribuir com os efeitos drásticos que a nossa geração tem causado diante do ecossistema.
Mas isso não é motivo para debate. Mesmo que devesse ser. O que causou um justo tumulto de ideias foi o aumento da tarifa do transporte público. Os mogimirianos, em plena pandemia, pagarão R$ 4,80 ao invés de R$ 4,20 por cada passagem de ônibus urbano. É óbvio que isso é um absurdo. Aliás, R$ 4,20 já soa absurdo! A análise de todo cidadão alheio ao Poder Público nunca é técnica. Olhamos o valor e ficamos consternados. E, para piorar, tudo isso em meio à uma pandemia. Não pegou bem.
Mas, quem faz a avaliação técnica, traz os dados que, há três anos, não há reajuste. E aí, nós, vamos mais uma vez. “Mas se já segurou tanto, não dava para segurar mais”? A resposta técnica é de que não, não dava. A Viação Fênix, responsável pelo serviço, foi taxativa ao cobrar o aumento da tarifa, dizendo que ou aumentava ou não teria mais nem mesmo as poucas 14 linhas que sobraram. E também temos que pensar nas famílias daqueles que dependem da viação. É sempre uma situação complexa, que demanda sensatez de todas as partes.
E é também, claro, que a gigante maioria que reclama justamente pelo aumento sequer passa perto de uma catraca de ônibus. Mas pelos que carecem deste tipo de locomoção fica o inconformismo. Por mais que também sendo justo é interessante o projeto a ser implantado pela Prefeitura de distribuição de passes. Serão, segundo o atual governo, 26 mil por mês, número que deve ser suficiente para atender a camada que mais precisa.
Ou seja, como é comum na vida, a semana da Prefeitura foi de acertos e erros em relação ao transporte público. Ao menos em nossa visão. Como também, em nossa ótica, é preciso trabalhar melhor este conceito de transporte público. Ele é público, mas é sempre fornecido por empresa privada e não é gratuito. É muito mais coletivo do que público. E isso não é só em Mogi Mirim, óbvio.
Quando o público que só se levanta para reclamar dos aumentos (mais uma vez, de forma justa) se portar também de forma contundente para que as administrações projetem programas de transporte gratuito para a população, estaremos sendo, aí sim, na acepção da palavra, justos. É por isso que, concordando ou discordando das ações governamentais, é preciso ter este tema como constante pauta de debates. Pelo bem dos que mais precisam.