Atenção: hoje é dia de papo sério! Esses dias, tendo um dia de limpeza, daqueles que tiramos pó até dos quadros, comecei a reparar em um que minha avó tem na parede da sala. É um quadro com um navio ancorado, todo colorido e com uma moldura bege. É bonito e a combinação também. Eu gosto da imagem e das cores que o artista usou. Agora, não me recordo o nome, e escrevo sem estar próxima ao quadro, mas quem seria aquele artista que em determinado dia resolveu pintar aquele quadro? É uma réplica de uma imagem, mas que em determinada data, não sei como estava esse dia, digamos, em termos climáticos, uma pessoa teve um plano: que era criar aquela obra. O que será que se passava dentro daquela mente? Quais seriam suas inspirações? Qual a história daquela pessoa?
Fiquei pensando sobre as diversas histórias que carregamos dentro de nós. Passei pelo Jardim Velho e fiquei olhando quem caminhava por ali. Pensei que cada pessoa tem tantas coisas para contar. São tantas vivências, tantas coisas boas e ruins dentro de cada pessoa. Somos incoerentes muitas vezes, somos geniais, somos preguiçosos, dispostos, somos um oceano de emoções que geram um mundo de ações…
Imagine se cada pessoa tivesse uma bolha ao seu entorno com um esquema de personalidade ao seu redor. Saberíamos tudo sobre cada um. Mas, não, não somos assim, então cabe ter tempo para conhecer as pessoas se quisermos entender mais sobre elas. Cabe ter tempo para ouvir suas histórias e saber sobre, às vezes, o motivo de determinadas ações e resultados.
Eu sou professora de História, como vocês sabem, então sempre comento sobre isso com os jovens que tenho contato. Sobre a minha história, suas histórias e nossa caminhada conjunta, que gera ainda uma terceira história. Nessa terceira história temos a capacidade de aprendermos e ensinarmos – eu ensino e aprendo e vice-versa – porque eles têm muitas coisas para me dizer, afinal, como disse, somos pedacinhos de vivências. Mas, para aprender com eles, ou com os outros, é preciso estar disponível, aberto ao diálogo e ao entendimento. Nessa semana de aula, aprendi muitas coisas com eles, inclusive, sobre superação de vida. Tem coisas que eles, pequenos daquele jeito, já viveram e eu nem vivi ainda. Isso me ajuda a entendê-los e a estar mais disponível. Não posso ser distante. Nem quero ser superficial. E você, como estão suas relações?
Ludmila Fontoura é jornalista formada pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas, a Puc-Campinas, além de Historiadora e pós-graduada em História Social pelas Faculdades Integradas Maria Imaculada de Mogi Guaçu, as Fimi.
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