terça-feira, abril 8, 2025
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Quem dá espaço para a barbárie, bárbaro é

É assustador que em pleno 2022 ainda exista quem faça apologia ao Nazismo. O regime ditatorial imposto pelo austríaco Adolf Hitler à Alemanha, na década de 1930, é tratado, de forma justa, como um dos mais nefastos e desumanos da história. Milhares de inocentes foram mortos de forma direta, sobretudo judeus, apenas porque, na opinião de Hitler e seus apoiadores, pertenciam a uma raça inferior à deles. Isto para simplificar e muito o discurso que contaminou a Alemanha e que se identificou com a Itália, à época, sob o governo fascista de Benito Mussolini, outra escória.

O assunto ganhou repercussão após Monark, um apresentador de podcast, defender a existência de um partido nazista no Brasil. Entre outras bobagens. Aliás, bobagens? Opinião pessoal? Ou crime? Pois é. Há uma onda de discurso pela liberdade individual que mais se enquadra em libertinagem.

Oras, vivemos em sociedade e a nossa liberdade precisa ser murada, respeitando os limites da liberdade do próximo. No final, a liberdade é coletiva. É pelo bem de todos. Não precisa nem ser religioso para saber que diferentes crenças, e aí se inclui a mais comum no Brasil, o cristianismo, prega uma vida em comunhão e não que cada um saia fazendo o que bem quer.

Seguindo a premissa de Monark e outros que acreditam na mesma fala, está tudo bem que haja um partido legalizado no Brasil baseado na ideologia de que somos diferentes uns dos outros, de que há uma raça superior e que as inferiores devem ser eliminadas. Levando ao exemplo prático do nazismo alemão, sequestradas, torturadas e mortas. Pela visão deles, os nazistas, estivesse por aqui o “Rei dos Judeus”, Jesus Cristo, Ele estaria condenado, por eles, a morrer em um campo de concentração…

E ainda existe um ponto importante. A Lei do Racismo (nº 7.716/89) estabelece que é crime no Brasil “fabricar, comercializar, distribuir ou veicular símbolos, emblemas, ornamentos, distintivos ou propaganda que utilizem a cruz suástica ou gamada, para fins de divulgação do nazismo”, sob pena de dois a cinco anos de prisão e multa.

Mas o que dizer de outros atos não expressamente previstos na lei, como fazer uma saudação nazista, se declarar antijudeu, defender a existência de um partido nazista ou negar o Holocausto? Condutas como negar o Holocausto, algo proibido na Alemanha e em outra dezena de países, poderiam ser enquadradas tanto na Lei do Racismo quanto em incitação ou apologia ao crime ou crime contra a honra, por exemplo. Mas isso não é consenso entre juristas e, no fim, cada caso é um caso.

Mesmo assim, você consegue engolir que alguém, conhecedor da ideologia nazista, que prega a morte a quem é diferente, tenha espaço para debater? Que isso é defender a “liberdade de expressão”? Então quem acredita que pedofilia é doença e não crime pode sair, tranquilamente, vomitando que se permita o abuso de menores? Ou o estupro? Ou a morte ? Vivemos em uma linha tênue exatamente porque há quem defenda que a tortura dos opostos é o melhor caminho para a nação. Prestemos atenção. Quem dá espaço para a barbárie, bárbaro é.

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