sexta-feira, novembro 22, 2024
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Quem não deve, não teme

Desde a década de 1970 já eram frequentes os casos de corrupção no Brasil, nos anos 1990 houve um estouro de mensalões, máfias e escândalos, e a partir daí a palavra transparência se tornou um jargão gasto no mundo da política.

No cenário de Mogi Mirim não é diferente, e durante as sessões da Câmara Municipal, os vereadores proferem um dilúvio de palavras bonitas, exaltando que a honestidade deve ser a bandeira do Legislativo. Apesar de, na teoria, o poder ser independente do Executivo, o que se vê é um grupo de situação amarrado ao pé da mesa do prefeito Gustavo Stupp que tenta abafar qualquer fagulha que surja para incendiar o governo. Foi assim, por exemplo, em fevereiro deste ano, quando o já conhecido placar de 9 a 7 rejeitou o pedido de formação de uma Comissão Especial de Inquérito (CEI) para apurar o envolvimento do ex-secretário extraordinário Jorge Vinícius dos Santos em um suposto esquema de suborno.

Novamente, na semana passada, o placar se repetiu. Dessa vez, a investigação que foi rejeitada era sobre um hipotético superfaturamento em produtos de limpeza ocorrido no atual governo, denunciado pelo ex-prefeito Massao Hito e levado à Câmara pela vereadora oposicionista e companheira de partido, Luzia Cristina Côrtes Nogueira (PSB).

É natural que o Legislativo seja dividido entre oposição e situação, e que cada vereador defenda seu “time”, mas no caso dos situacionistas, que bradam as maravilhas feitas pela atual Administração, qual seria o medo de expor o governo Stupp a uma investigação?

Nessas ocasiões, surge na cabeça da população o ditado “quem não deve, não teme”, e a impressão que fica é que os vereadores que votam contra um pedido de investigação estão perdendo a oportunidade de mostrar a realidade do governo que defendem e que julgam ser honesto. Mais do que isso, deixam de cumprir a primordial função do vereador, que é fiscalizar a atuação do prefeito e os gastos da Prefeitura. São eles quem devem zelar pelo bom desempenho do Executivo e exigir a prestação de contas dos gastos públicos.

Ainda que alguns vereadores justifiquem o voto contrário a um pedido de apuração como politicagem da oposição, por lógica, votar favorável e mostrar transparência seria uma chance de ganhar credibilidade perante a população, talvez até votos, e superar os adversários de bancada.

A palavra transparência, tão usada pelos legisladores nos discursos bonitos, parece ficar guardada no dicionário, convenientemente esquecida.

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