sexta-feira, novembro 22, 2024
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Quem não se comunica, se trumbica

Fazia um bom tempo que Mogi Mirim, seja em nível público ou privado, não ouvia falar sobre greve. Falamos de movimentos de reivindicação local, já que, em nível nacional, mesmo com a pandemia, uma situação ou outra foi registrada. A greve em Mogi Mirim teve início na terça-feira, dia 29 de março, e o funcionalismo público foi protagonista. É uma situação sempre muito delicada.

Em um resumo, já que nosso espaço aqui é curto, o governo municipal ofereceu 2% de aumento real para todos os servidores e acrescentou benefícios como um vale-alimentação de R$ 300, reduziu as taxas da cesta básica para todos que ganham abaixo de R$ 5 mil (beneficiando os que recebem menos, com até 100% de subsídio na cesta) e também ampliou os benefícios do passe de transporte público. O Sindicato dos Servidores Públicos (Sinsep), por outro lado, insiste em um aumento de 11,09%, sendo 6,09% de recomposição salarial e 5% de aumento real.

Os dois lados têm seus argumentos, têm seus direitos e jogam com as ferramentas que podem. O Sinsep, após aprovação da assembleia geral, colocou à mostra uma das armas mais pesadas de uma negociação salarial: a greve. E é interessante que um governo que pende para a Esquerda, como o de Paulo Silva, “lado” da política que mais se aproxima dos movimentos sindicais, viva um dos momentos mais tensos em 15 meses de gestão exatamente por enfrentar uma greve.

No primeiro dia, a paralisação teve adesão de cerca de 500 servidores, o que representa, aproximadamente, 20%. Nos dias seguintes, novas rodadas de protestos e mais procedimentos de defesa por parte da Prefeitura. Porém, chama mesmo a atenção é que, justo ou injusto, o aumento proposto por Paulo Silva, olhando além dos 2%, tem um viés coerente por parte do chefe do Executivo: beneficiar quem mais precisa.

Só que o discurso se perde com o vento. A incapacidade de se comunicar com a população também mostra ser um fato entre governo e servidor. Há tempos falamos aqui em O POPULAR sobre o quanto o Governo Paulo Silva peca ao achar que se comunica perfeitamente. Há bons serviços, boas ideias, trabalho sendo colocado em prática. Mas a sensação da população não é a de que Mogi Mirim esteja no caminho certo. Isto é ruído na comunicação.

Se olha para 2024 com o objetivo de repetir 2000, e se reeleger, Paulo Silva precisa se comunicar mais e melhor. Precisa fazer com que munícipes, servidores e até nós, meios de comunicação, que somos simplesmente isso, um meio entre emissor e receptor, se sintam melhores atendidos, melhores assistidos, melhores abastecidos. Melhores tratados. Não precisa falar, a toda hora, sobre o “pessoal do contra”. Pode falar, mais vezes, sobre quem gosta de “notícia boa”.

Pode e deve procurar mais quem sempre procura batê-lo. Ser o prefeito que, ao vencer em 2020, disse que governaria para todos. Mas, ao seu redor, há quem pareça preferir o conflito, a guerra. A banda não deve tocar de forma conflituosa e abraçar o contrário, mesmo que em discordância, deve ser o tom.

Até porque estamos em 2022. Olhar para outubro de 2024 pode ser cedo para muitos, mas há quem esteja cada vez mais ouriçado com as brechas dadas pela atual gestão que, se não se movimentar, pode repetir Stupp 2016 e CNB 2020 e fazer com que Mogi Mirim, mais uma vez, não tenha um prefeito reeleito. A greve desta semana pode parecer caos, mas parece ser a oportunidade perfeita para muita reflexão. E, quiçá, mudanças na rota traçada pelo homem escolhido para guiar Mogi Mirim até 2024.

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