Há muito se propaga que os agropecuaristas usufruem de benefícios e não pagam seus financiamentos. Não é verdade! Apesar de exercerem árdua e difícil tarefa de produzir alimentos, são os que melhores pagam os empréstimos. Principiamos com uma constatação: quase 80% dos alimentos que a raça humana consome partem de doze espécies de plantas e cinco espécies de animais. A agropecuária garante nossa sobrevivência neste planeta. Leiam Cora Coralina e seu poema “o Milho” para compreender o papel do agricultor na garantia da vida.
O setor de serviços depende da capacidade laborativa, o comércio e a indústria de fatos previsíveis, quantitativa e qualificadamente. De seu turno, o setor primário tem contabilizado incertezas. O clima nunca se repete. Convivemos com pragas, doenças, secas, enchentes, vendavais e outras intempéries. Os processos biológicos não são gerenciáveis, dependem de fatores tantos e variáveis. A agropecuária é atividade de risco. A tarefa é difícil, mas extremamente necessária.
Para desenvolver as atividades rurícolas e garantir o fornecimento de alimentos, são necessários de altos investimentos financeiros. De onde o crédito rural é destacado. Essencial para garantir tal mister.
Mas vimos, a renda para pagamento dos empréstimos depende de uma série de fatores incontroláveis. Diferente dos setores secundários e terciários. Então seria correto afirmar que o pagamento dos empréstimos do crédito rural é o que tem maior inadimplência. Sim. Mas não é! O sistema primário é o que melhor cumpre com as obrigações.
O Banco Central atestou que os financiamentos do crédito rural são os que lideram a adimplência do sistema financeiro nacional. Além da melhor pontualidade, são repletos de garantias. Seja de avais, hipotecas, penhor de bens e alienações fiduciárias, o retorno dos valores emprestados é sempre certo. Apesar de conviver com as maiores dúvidas.
*Por Néri Peri é advogado, especialista em Direito Agrário