Toda passagem de ano é uma oportunidade para se fazer um balanço das realizações e frustrações pessoais e profissionais. É uma mera passagem do calendário, um rito simbólico, que se encaixa na esperança de renovação de cada um, uma chance para recomeçar, para avaliar seus propósitos e traçar metas para um novo período. Esta é a roda-viva que renova as disposições, apaga diferenças, planta a tolerância e oferece oportunidades. Não por acaso vem cercada de luzes, festas, confraternizações.
A política oferece estas oportunidades a cada quatro anos, quando os ocupantes de funções públicas buscam a renovação de seus mandatos, convencendo seus eleitores de suas qualidades e prestando contas de suas ações. Por isso, é inevitável que os políticos estejam, como pessoas públicas, em constante avaliação de seus atos, pois, em essência, sua imagem é forjada no conceito que os cidadãos têm de seu desempenho. Tanto por isso, muitos se dedicam muito mais a cunhar uma persona carismática e populista do que realmente cumprir funções institucionais.
De todos os poderes republicanos, o Legislativo foi o primeiro a dar sintomas de um irreversível desgaste perante a opinião pública. Há tempos, vereadores, deputados e senadores caíram em descrédito evidente, fruto de um espírito corporativista que os joga na vala comum da corrupção sistêmica, da concessão de benefícios imorais e imerecidos, da impunidade que acoberta incompetência e arrogância, enfim, uma representação que ainda se esforça inutilmente para se mostrar útil e a serviço da sociedade.
Em Mogi Mirim, a Câmara de vereadores renova a esperança dos eleitores a cada quatro anos, com a promessa de uma mudança diante de um quadro generalizado de decepção com a atuação parlamentar. Quando se espera que a legislatura seguinte pode ser melhor, o que se vê é a repetição dos mesmos erros, o aviltamento da função parlamentar, verdadeiro balcão de negócios para acertar apoios e dívidas eleitorais. Os eleitores, ora os eleitores…
O balanço deste primeiro ano não é animador. A Câmara, já se disse exaustivamente, mostrou-se submissa, acrítica, sem responsabilidades diante de assuntos candentes. Faltaram oradores que se levantassem contra as pretensões maliciosas do Executivo e mesmo a defesa de uma autonomia que pode ser questionada cada vez que os vereadores se vergam à tutela do Gabinete do prefeito. Este não é o Legislativo que se espera e, se não houver mudanças a partir de 2014, Mogi Mirim estará condenada a um sistema político capenga, onde o Executivo dá as cartas e o Judiciário cumpre o papel fiscalizador, última salvaguarda dos cidadãos.