sábado, novembro 23, 2024
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Quer enganar ninguém?

As mensagens encaminhadas pela autoridade de um prefeito municipal para justificar um projeto de lei enviado à Câmara Municipal deveriam ser pautadas pela responsabilidade e compromisso com a verdade, sem a necessidade de agregar enfeites a uma realidade simples.

Adicionar argumentos pomposos, como sofismas, para tornar mais atraente um discurso é um recurso que jamais deveria ser utilizado pelo representante máximo de um município. Além de ser um desrespeito à Câmara Municipal e à população, representada pela Casa de Leis, o prefeito quando se utiliza desse artifício corre o risco de cair na vala do ridículo e ter a credibilidade afetada. É evidente que algumas mensagens são meramente recursos burocráticos integrantes de um contexto e não necessariamente partem da mente de um prefeito, mas sua assinatura exigiria da parte de todos os envolvidos um maior apreço à qualidade do material produzido, ainda mais se tratando de um projeto de lei.

O projeto enviado à Câmara Municipal pelo prefeito Gustavo Stupp prevendo o repasse de verbas à Liga de Futebol Amador de Mogi Mirim (Lifamm) apresenta na mensagem argumentos que não têm respaldo na realidade e serviriam até de motivo de zombaria e risos se lidos para os personagens do futebol amador. Além disso, são as justificativas desnecessárias.

Assinado por Stupp, a mensagem aponta que a Lifamm incentiva a difusão do futebol, estimulando a cultura física, intelectual, moral e cívica dos desportistas amadores, especialmente a juventude.

Não é preciso um profundo conhecimento do cenário do futebol amador para se constatar não haver historicamente estímulos da entidade à cultura intelectual dos desportistas. Nem mesmo no ambiente do futebol profissional, o intelecto é algo prioritário a ser buscado. No amador, essa preocupação é praticamente nula. A preocupação com o aspecto moral também não parece estimulada em um cenário em que prevalece a preocupação dos dirigentes em defender cada um os interesses de seu clube e não raro a violência e as ofensas habitam o ambiente, além dos regulamentos nem sempre serem seguidos à risca.

No texto de Stupp é dito ainda que o estímulo existe especialmente com a juventude. As competições envolvem atletas de diferentes idades, como jovens, adultos e até idosos, não tendo uma competição da Lifamm para categorias de base. A prioridade à juventude não se explica.

Stupp não precisaria de tanta retórica para convencer os vereadores a continuar apoiando a Liga. Bastaria explicar que se trata da entidade que organiza campeonatos. Um erro desse e de outros governos é oferecer recursos ao futebol amador que poderiam ser investidos em outros esportes, especialmente na iniciação. O futebol amador já provou ter capacidade de atrair investimentos da iniciativa privada e dos próprios clubes para realizar competições independentes do poder público. Investir na Lifamm não é o melhor caminho, mas se essa é ideia, ao menos o discurso poderia ficar no limite da realidade.

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