A implantação de radares, especialmente os móveis, costuma gerar polêmica nas cidades, e seu funcionamento revolta principalmente os motoristas multados, motivando críticas contra o que se convencionou a chamar de indústria da multa. A discussão dos radares está longe de ser a certeira no que se refere ao prejuízo financeiro de motoristas apressados. O que deveria ser discutido para quem é contrário às multas é a legislação em que se decide impor limites de velocidade nas vias públicas ou as punições previstas em lei. O radar é somente um instrumento de fiscalização.
Partindo da realidade em que se prevê o limite, a existência de radares é essencial. Do contrário, os efeitos das placas com apontamento da velocidade permitida seriam apenas de conscientização quanto aos riscos de acidente, o que não apresenta grande valia diante da cultura de desrespeito às leis de trânsito. As placas sem fiscalização, na prática, são inócuas para os transgressores.
Diante deste panorama, os radares não deveriam ser implantados apenas em alguns locais, mas diante da viabilidade, precisariam estar em todas as vias. Para o cumprimento da legislação de forma completa, a fiscalização não poderia abranger apenas alguns pontos. Mais curioso ainda é constatar que em uma mesma via, alguns pontos são monitorados por radar, enquanto outros estão livres para que o motorista exceda a velocidade sem ser flagrado.
Aplicativos de celular já informam o posicionamento dos radares para permitir que motoristas reduzam a velocidade apenas quando se passa em sua alça de mira. Em uma cidade pequena como Mogi Mirim, a localização dos radares se torna facilmente conhecida e a fiscalização se resume aos pontos considerados mais críticos, ainda assim não por completo.
Neste sentido, a implantação de radares móveis em Mogi Mirim é algo a se comemorar. Se há a intenção de se monitorar, o ideal é que os radares tenham uma capacidade maior de surpreender, permitindo uma fiscalização mais genuína e completa. Como a intenção é coibir, o efeito é mais produtivo já que o motorista terá que se manter atento e dentro das limitações por mais tempo e maior espaço, sem se habituar a apenas andar dentro da lei nos pontos em que sabe ser monitorado.
A fiscalização móvel faz com que as placas de indicação da velocidade se tornem instrumentos de um conjunto eficiente e não objetos decorativos. Os radares móveis permitem uma rotatividade positiva da fiscalização tanto na mesma via quanto abrangendo uma pluralidade de ruas e avenidas, tornando a legislação mais aplicável. Os contrários deveriam questionar a lei e não os aparelhos eletrônicos. Combater apenas os radares é semelhante a defender que se fechem os olhos diante da transgressão.