No último capítulo de seu bate-papo no boteco, a judoca Rafaela Silva aborda as mudanças em sua vida após a conquista do ouro nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro.
Boteco – Como foi a comemoração depois de ganhar a medalha de ouro olímpica? Qual a primeira coisa que você quis fazer?
Rafaela – Eu queria fazer muita coisa, mas não podia fazer nada, só fui trocando de emissora, entrevista até de madrugada. Cheguei na Vila, duas horas depois tive que sair pra dar entrevista, fiquei assim até o final da Olimpíada.
Boteco – Quando conseguiu cair a ficha?
Rafaela – Ainda vai caindo aos poucos porque é uma Olimpíada, de vez em quando eu lembro: sou campeã olímpica. É bem legal saber que você realizou um sonho e, às vezes, eu acordo com a sensação de que a Olimpíada ainda vai acontecer.
Boteco – Você sonha com a Olimpíada?
Rafaela – Sim. Eu fiquei assim também depois da Olimpíada de Londres e agora ainda com a Olimpíada do Rio.
Boteco – Sua vida mudou muito depois da medalha de ouro?
Rafaela – Bastante, eu estava em Paris numa competição, fui assistir Barcelona e Paris Saint Germain, algumas pessoas me reconheceram lá na França, num jogo de futebol onde só tinha estrela. Eu passo na rua, quero ir no shopping com meus amigos, não consigo andar, se eu tiver que sair para pagar uma conta rápido que vai vencer, eu não posso sair de casa, porque o meu rápido é pelo menos três horas, então ficou bem movimentado.
Boteco – Para quem você torce dos times internacionais?
Rafaela – Barcelona e Paris Saint Germain.
Boteco – E quem é seu ídolo no futebol?
Rafaela – O Neymar.
Boteco – Fluminense você assiste também?
Rafaela – Não muito, porque lá no Rio é bem complicado, tem muita violência, eu fico com um pouco de medo, às vezes eu não estou na confusão, mas a confusão chega até mim.
Boteco – No prêmio Brasil Olímpico, você está concorrendo com a Poliana Okimoto, casada com o Ricardo Cintra, de Mogi Mirim. Pelo segundo ano, vocês estão concorrendo. Você acompanha a Poliana, já teve contato com ela?
Rafaela – A gente fez uma matéria no final do ano passado, a história dela é um pouco parecida com a minha, a gente foi campeã mundial no mesmo ano, de 2013, agora a gente foi medalhista olímpica novamente, e estou concorrendo do lado de grandes atletas, a Poliana, que foi campeã do Prêmio Brasil Olímpico em 2013 e a dupla de vela, Kahena e Martine, elas já foram campeões do Prêmio Brasil Olímpico também. E eu nunca fui campeã. Eu ganhei como atleta do judô, mas o prêmio de melhor atleta de todas as modalidades, não, e espero que esse ano eu consiga.
Boteco – Em relação às restrições por ser uma atleta de ponta, tem que abrir mão de muita coisa que você gosta? Alimentação… Não sei se você gosta de sair à noite…
Rafaela – Eu não gosto de sair, não gosto de muvuca, de bebida, cigarro. Incomoda bastante quando as pessoas fazem isso próximo de mim. A única restrição é na alimentação, porque a gente tem que controlar o peso para a competição, mas não é nada que me incomode, eu deixo de comer um bolo hoje, mas quando acaba a competição, eu posso comer dois.
Boteco – Valeu, Rafaela!