Não desistir diante das dificuldades e erguer a cabeça nos momentos de naufrágio para conseguir dar a volta por cima e atingir os sonhos aparentemente distantes. Esta foi a principal lição ensinada pela judoca Rafaela Silva, medalhista de ouro nas Olimpíadas do Rio de Janeiro, em 2016, durante oficina realizada na tarde do dia 23, quinta-feira, no Ginásio Wilson Fernandes de Barros, o Tucurão.
Rafaela discursou, respondeu perguntas do público e comandou atividades. A judoca orientou alunos a aplicar movimentos do judô e fez a alegria de quem topou enfrentá-la no tatame ao proporcionar a oportunidade de lutar contra uma medalhista olímpica. As lutas tiveram clima descontraído. No final, Rafaela posou para fotografias.
O evento teve a presença de aproximadamente 300 pessoas. Participaram crianças de Escolas Municipais de Ensino Básico (Emebs), alunos da Escola Estadual Ernani Calbucci, do Colégio Delta Nobre e da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae), além de adeptos do jiu-jitsu do Projeto Honra e de taekwondo.
A oficina representou a edição de 2017 do Sesc Verão, que anualmente traz esportistas de destaque para Mogi Mirim. O Sesc Verão é promovido pelo Serviço Social do Comércio (Sesc), com o apoio do Sindicato do Comércio Varejista de Mogi Mirim (Sicovamm) e Prefeitura.
Superação
Rafaela, que chegou a se emocionar durante sua fala, abordou as inúmeras dificuldades enfrentadas antes de atingir o auge. Criada na comunidade da favela Cidade de Deus, no Rio de Janeiro, a atleta começou a treinar aos cinco anos, colocada pelos pais no judô para direcionar a energia agressiva para o esporte, pois brigava muito na rua e na escola. “Eu queria dar orgulho pros meus pais, não boletins de nota vermelha e boletins de ocorrência por drogas como amigos da comunidade”, disse aos presentes. “Eu queria viajar e não tinha condições nem de conhecer São Paulo”, em alusão à importância do esporte para sua vida.
Por diversas vezes, por motivos como lesões e fracasso, pensou em abandonar o judô, mas foi convencida a prosseguir. Quando foi derrotada nas Olimpíadas de Londres, em 2012, foi alvo de ofensas pessoais graves. “Falaram que lugar de macaco era na jaula e não nas Olimpíadas, que eu era a vergonha da minha família”, lembra.
A persistência foi premiada. “Tem que acreditar no sonho de vocês, independente de raça e cor”, ensinou, aconselhando que é preciso confiar em si próprio, independente de participar de um projeto social ou de um grande clube.