E viva 2021! Por mais que a gente saiba que qualquer mudança de fato só acontece quando nós nos movimentamos, ter um ano novinho começando traz esperança em novas possibilidades. Eu gosto demais desta época não só por isto e também porque temos férias, o que significa mais tempo juntos e descompromissados.
É tão bom dormir até o sono acabar, cozinhar sem pressa e sem pensar muito em calorias e saúde, conseguir escolher um presente sem faltar o ar de ansiedade. Dá para receber os amigos e bater papo até a língua cansar.
Mas, de tudo isso, o que mais preenche meu coração é “re-conhecer” meus filhos. Como é importante este tempo de parada para poder olhar para eles. Acho isso tão maluco, não sei se é coisa de mãe ou se acontece só na minha cabeça, mas eu demoro para perceber que mudaram de fase.
Eles já estão com 17 e 15 anos e eu seguro no braço quando vou atravessar a rua, fico no controle como se não conseguissem sozinhos. Faz bem pouco tempo que me peguei atenta à idade da Gabi. Dentro de mim ela ainda tinha uns 12 anos e quando tive esse instalo, busquei lá no passado quem eu era de referência de quem eu já posso deixá-la ser, uma espécie de auto convencimento. Esta é a diferença entre ver e olhar, às vezes tão prejudicada pela rotina.
Todas as vezes que estamos os quatro sentados conversando, fecho os olhos e desejo que o tempo pare, que fique pelo menos um pouco congelado ali. Mas a vida é dinâmica e ser feliz está em ver com bons olhos e colher frutos em cada fase. Para este ano teremos Neto em escola nova, vestibular da Gabi, um cachorro cujo corpo já começou a sinalizar cansaço e uma vó que cada vez menos consegue organizar os pensamentos. De imediato.
Nada está no controle, e essa é a graça. Os dias já começaram a voltar para o nosso comum, com os horários mais marcados e vira e mexe descobrimos que a rotina que a gente tanto reclama é no fundo aquela que a gente não quer que mude.