No ano do bicentenário, em 1969, dois fatos marcaram a vida militar mogimiriana: o sargento Eudes Vieira foi promovido a subtenente e deixou a cidade para ocupar um cargo na Bahia, e o Tiro de Guerra passou a dar instruções apenas seis meses por ano (antes, o serviço militar era prestado durante todo o ano). Da Bahia, também promovido, o comandante do bicentenário passou a prestar serviços no Rio de Janeiro, localidade em que passou para a reserva (aposentou-se). Depois, mudou-se com a família para Campinas, onde faleceu.
Atiradores de 1969 dizem que ele era uma pessoa calma, nunca se valendo de sua autoridade para com seus subordinados nas instruções diárias. Era afável e, além de passar as instruções de seu dever, estava sempre aberto ao diálogo, se dispondo a dar aos atiradores conselhos na área profissional, familiar e de relacionamento comunitário, ensinando o respeito às leis, à ordem e à família. Prestou serviços de instrutor do TG 29 por oito anos, entre 1962 e 1970.
Em sua época, a revolução militar, eclodida em 1964, teve o seu período mais conturbado, com a edição do AI-5, Ato Institucional de 13 de dezembro de 1968, instrumento que restringiu as liberdades individuais, cassou os direitos políticos, dentre outros atos autoritários. Eudes Vieira, segundo atiradores que privaram de sua amizade, não defendia e muito menos discutia a tomada do poder por seus irmãos de farda.
Uma menção ao assunto, contudo, era usada pelo sargento, como forma de advertir seus subordinados em relação à segurança da sede do TG: uma hipotética presença do Capitão Carlos Lamarca, um desertor do Exército e exímio atirador, que deixou os quarteis para combater contra a revolução. Dizia ele que Lamarca havia estado diversas vezes no TG, fazendo inspeções e, chegando à sede, poderia matar toda a guarda para roubar armamentos.
“Era para nos alertar apenas, pois jamais o capitão Lamarca viria até Mogi para roubar uma dúzia de fuzis obsoletos, fabricados no início do século, mais precisamente 1902”, diz o atirador Teodoro Marcos Sínico. Esse era o comandante militar no bicentenário da cidade que, em outubro, deste ano completará seus 250 anos.
Legenda: Sargento Eudes Vieira, o comandante do Bicentenário