Eu admiro demais quem vive como se o relógio estivesse parado. Aquelas pessoas que simplesmente não se importam com relação a tempo. Como boa ansiosa que sou, é claro que para mim estar atrasada é desesperador, embora muitas das vezes eu mesma seja a responsável pelo desajuste.
Essa é uma das graças da vida em família, aceitar que cada um tem um “time” e um agente impulsionador que determina o quanto de energia vai dispensar para viver aquilo. Por aqui, as meninas são o “Usain Bolt” versão saia – seja por querer muito aquele momento ou simplesmente para riscar uma tarefa da lista. Já os meninos são mais introspectivos e contemplativos, se é que me entendem?!
A porta da escola sempre foi um evento traumático diário. Quando estamos atrasados minha vontade a hora que eles abrem a porta do carro é dar uma empurrada com pé, aquele negócio bem cena de filme mesmo sabe? Penso que isso economizaria alguns segundos e diminuiria parte do prejuízo. Ah, também vou em silêncio porque acho que falar vai economizar energia e agilizar o processo, sou incapaz de ter um assunto, meu coração está muito acelerado.
Enquanto isso, me deparo com mães nobres. São pessoas tão calmas que tenho a impressão que não transpiram, acho que já estão em outro patamar de humanidade. Enquanto eu quero dar uma “pesada” nas crianças, esses seres são capazes de estacionar o carro, descer, tirar a mochila do porta malas, pegar na mãozinha e levar até o portão conversando, onde ainda encontram serenidade para abraçar e dar um beijinho de despedida. Que inveja!!!
Também já desisti de aceitar convites quando o almoço começa às 11hs. Não dá, minha família não consegue. Todo mundo acorda cedo durante a semana e vê no domingo o dia de deixar o corpo falar por si. Então, eles podem até querer muito ir, mas, não significa que pretendem sair do ciclo da moleza. Eu aprendi a respeitar, tanto a eles como a mim mesma porque ficar querendo que as pessoas funcionem no meu tempo me desgasta demais, judia demais do meu corpo.
Sim, eu sempre me pergunto em que momento da vida me tornei essa pessoa centralizadora que acha que precisa orquestrar a vida o tempo todo, tipo líder de torcida com apito dando coordenadas o tempo todo. Na verdade, eu sei, foi da pura necessidade de achar que é desta forma que vou dar conta das necessidades do dia e também que só assim formarei pessoas conscientes e comprometidas com o mundo onde vivem.
Será? Não, certamente não. Viver, assim como formar um filho, é uma complexidade de coisas e a mais importante delas é conseguir embutir que somos importantes principalmente por ser como somos, e que a velocidade com que desempenhamos nossas tarefas encontrarão seus pares.