sábado, novembro 23, 2024
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Ressignificar para transformar: grupo discute expressões por meio da arte

Em tempos em que o racismo ainda se revela (infelizmente), apesar de muitos negarem o preconceito, um grupo de Mogi Mirim chamado Rádio Sucata vem trabalhando para conscientizar a sociedade sobre a importância da cultura africana para o desenvolvimento do Brasil. O novo projeto da Rádio Sucata trata-se de oficinas oferecidas para crianças e adolescentes que tratam sobre cultura africana e a afro-brasileira. Nos últimos meses, o curso foi oferecido para jovens de Campinas, com idade entre 6 e 18 anos. Durante o projeto, os alunos em parceria com os professores, Paulo Salmaci e Carolina Desoti, construíram instrumentos musicais e máscaras de origem africana e também dialogaram sobre o tema.

Segundo Carolina Desoti, formada em Filosofia e estuda o tema há tempos, trabalhar com os jovens foi muito gratificante. “Até então eu estudava, participava de um grupo de maracatu, mas fazer a oficina me deixou muito apaixonada. Eu sinto que posso estar contribuindo efetivamente para uma situação mais igualitária ao fazer com que os jovens assumam a cultura positivamente”, destacou.

Trabalhar com a cultura africana e afro-brasileira é lei! Trata-se da lei 10.639/03 (alterada pela Lei 11.645/08), que exige que tais questões sejam trabalhadas em sala de aula para que os estudantes percebam a importância da cultura negra para o desenvolvimento da sociedade brasileira. No entanto, na prática não é o que acontece em muitas escolas. O tema acaba sendo visto apenas dentro de determinados conteúdos, o que não favorece a transformação efetiva dos jovens.

A Rádio Sucata atua fazendo contação de histórias e também apresentações musicais a partir de instrumentos feitos com materiais recicláveis. Foi em uma oficina oferecida por Paulo Salmaci, músico formado pela Unicamp e idealizador do projeto, na cidade de Arthur Nogueira que a ideia em mesclar a cultura africana e afro-brasileira surgiu. “O Paulão tinha dado uma oficina em Arthur Nogueira e fez máscaras lá. E eu estou estudando há muito tempo a África e a cultura e vejo que as crianças negras não se reconhecem. Mais da metade da população brasileira é negra e não se reconhece positivamente então vimos que as oficinas poderiam ser uma maneira de transformar. Começamos a levar imagens da África, instrumentos e a trabalhar questões sempre partindo de elementos que eles (as crianças) já conheciam e usando métodos de educação libertária, buscando estimular a autonomia e a comunhão. É um trabalho de ressignificar e a arte é um meio interessante para isso”, explicou Carolina.

Durante as oficinas, os jovens construíram diversos instrumentos, como balafons, berimbau, tambor, ganzá e até pau de chuva (que é indígena). Além, conforme já foram destacadas, as máscaras. Além dos instrumentos serem produzidos pelos alunos e receberem a devida contextualização, os jovens ainda foram incentivados a produzir os ritmos e a colorir os materiais a partir dos símbolos africanos.

A Rádio Sucata ofereceu o curso para turmas com idade entre 6 e 10 anos e para jovens entre 11 e 18 anos, o que prova que as questões podem e devem ser discutidas com todos, desde os mais pequeninos até os mais experientes. As oficinas foram realizadas nos Centros de Educação Unificados (CEUs) da Vila Esperança e Jardim Florence, em Campinas

Atualmente, a Rádio Sucata atua com contação de historias populares brasileiras e também textos russos. No entanto, como o foco vem se modificando, contos africanos e afro-brasileiros já estão na pauta do grupo. Outro projeto da Rádio Sucata é inserir a temática indígena em seus trabalhos.

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