O assassinato do advogado Lorenzo Andrade de Moraes completou três anos no último dia 10. O caso, um dos mais marcantes e de grande repercussão, já tem a data do julgamento marcada. Os réus Talita Helena Rodrigues Caetano, de 24 anos, e Maicon Alexandre Bepler, 26 anos, casal acusado pela morte do jovem, vão a júri popular no dia 27 de março, próxima segunda-feira.
O júri será realizado, a partir das 8h, no plenário da Câmara Municipal de Artur Nogueira-SP, já que a cidade não dispõe de sala de sessões no fórum. Há possibilidade do julgamento não ser concluído no mesmo dia. Nesse caso, os jurados ficarão confinados. Se houver o desfecho ainda na segunda, a sentença dos acusados, ou seja, o veredicto, é dada no mesmo dia.
Desde a descoberta da autoria do crime pela polícia, o casal permanece preso. Maicon está no Centro de Detenção Provisória (CDP) de Americana e Talita Helena em uma unidade prisional em Franco da Rocha, município da Região Metropolitana da capital paulista. Os advogados que defendem os acusados Maicon e Talita são, respectivamente, Letícia Müller e Gustavo Amaral. Ao todo, foram feitas quatro audiências de instrução do caso.
Durante todo o curso do processo, que corre em segredo de Justiça pelo Fórum de Artur Nogueira, o casal manteve-se em silêncio, uma estratégia de defesa. Os réus, que respondem por homicídio triplicamente qualificado, farão o primeiro pronunciamento a respeito dos fatos no dia 27, em plenário do júri. O debate do Ministério Público será conduzido pelo promotor de Justiça Pedro dos Reis Campos.
O júri
No Brasil, o júri popular é previsto no Código de Processo Penal para julgar crimes dolosos contra a vida. Podem se alistar para participar de julgamentos os cidadãos maiores de 18 anos e que não tenham antecedentes criminais. O juiz convoca 25 jurados através de uma lista publicada no Diário Oficial da União. Se convocado, o jurado não pode se recusar a compor o conselho de sentença. Se não aparecer para o julgamento ou se ausentar antes do fim sem justificativa, será multado no valor de um a dez salários mínimos (Veja o quadro abaixo).
O crime
O advogado tinha 22 anos quando desapareceu na noite de 10 de março de 2014. Ele foi encontrado morto, por volta de 18h do dia 11, em um canavial, no município de Engenheiro Coelho. Segundo informações da Polícia Militar (PM), o cadáver tinha um ferimento no pescoço. No dia do assassinato, Lorenzo saiu de casa, no condomínio Jardim Embaixador, no Parque da Imprensa, próximo às 21h, dizendo que iria até a residência de um amigo, nas redondezas do Hospital 22 de Outubro. Naquela noite, ele dirigia um Chevrolet/Agile prata, com placas de Vinhedo.
No entanto, o jovem advogado não apareceu na casa do amigo e tampouco retornou para o condomínio. A partir daí, a família passou a suspeitar que algo errado havia acontecido. A polícia iniciou as buscas logo após a notificação do desaparecimento do jovem, mas Lorenzo foi encontrado já sem vida. O corpo foi localizado por alguém que passava pela zona rural de Engenheiro Coelho e fez uma ligação anônima à PM daquela cidade.
Na sequência, uma investigação, envolvendo equipes da Polícia Civil de Mogi Mirim, Mogi Guaçu e Engenheiro Coelho, resultou na elucidação do homicídio. A polícia descobriu que o assassino matou a vítima por motivo fútil, pensando que o advogado estava tendo um caso com sua mulher. Na época, o casal teve a prisão temporária decretada.
De acordo com as investigações, Lorenzo teria conhecido Talita Helena três anos antes do crime e, há cerca de três semanas, estariam mantendo contato por telefone. O marido de Talita, Maicon Bepler, teria descoberto o interesse entre os dois e armado uma emboscada. Talita atraiu Lorenzo para a residência do casal, no Parque Real, onde Bepler faria um acerto de contas e daria um susto no advogado.
Quando Lorenzo chegou ao local, foi recebido pelo marido de Talita, que logo o agrediu. O advogado foi amarrado com uma corda e, depois de uma breve discussão, agredido com um caibro na cabeça. A vítima desmaiou e foi colocada desfalecida no porta-malas de seu próprio veículo. Levado para um canavial, Lorenzo foi morto com um golpe de faca no pescoço.