Ídolo mundial, reverenciado em diversos pontos do planeta, Rivaldo se revela triste ao diagnosticar uma falta de reconhecimento na cidade onde resolveu viver e presidir um clube. Embora conheça motivos que o fazem ser visto com restrições pelos mogimirianos, Rivaldo não entende como seus pontos positivos acabam ignorados e questiona como é pouco respeitado em uma cidade com cerca de 90 mil habitantes ao mesmo tempo em que o mundo o valoriza. “Por que só criticar o Rivaldo? Também falem coisa positiva! Eu tenho moral no mundo inteiro, aonde eu vou todo mundo adora Rivaldo. Por que aqui na cidade que eu gosto ninguém gosta de mim? O que eu fiz de mal? É CT, isso, aquilo. Não tenho nada positivo?”, questionou, em desabafo durante entrevista coletiva no dia 27 de junho. “Eu faço muitas coisas em Mogi e ninguém me reconhece. Isso que deixa triste, ninguém fala bem de mim, só mete o pau. Mas fui comer no Bar do Tina e vi que o povo lá me respeitou”, ponderou.
Barros
O dirigente se comparou a Wilson Barros pelo fato de o ex-presidente ser criticado quando dirigia o clube e hoje muitos afirmarem terem saudade de seu período. “Hoje todo mundo sente falta do Wilson Barros. Porque faleceu. Porque se tivesse vivo, todo mundo criticava porque já vi criticando. Falavam um montão dele. Depois que morre fica bonzinho. Ele era bom, comigo foi bom, mas era criticado. Ou Rivaldo vai ser bom depois que sair da cidade ou depois que morrer”, disparou.
O dirigente lembrou a polêmica por ter dito que merecia uma estatua e as opiniões de que Barros é quem merecia. “Ótimo, era pra ter feito já pro Seo Wilson Barros, não porque eu dei a idéia. Eu não mereço? Não tem problema. Mas façam isso pras pessoas que merecem”, falou.
Por outro lado, aconselhou as pessoas que não gostam dele a pelo menos ajudarem o Mogi. “Esqueça o Rivaldo, pensem na cidade. Hoje eu tô, amanhã eu não tô, e o Mogi na Série C ou D, não sei como vai ficar o Mogi”, alertou.
Ingresso
Rivaldo disse não entender se a população não gosta de futebol, pois não vem ao estádio nem com promoções, indo apenas em jogos importantes. Em relação às notícias de o ingresso de R$ 100 ter sido o mais caro do Brasil, Rivaldo observa que quando fez a promoção de leite não foi falado se tratar da entrada mais barata das quatro divisões.
O dirigente recordou o passado difícil para garantir que as manifestações contrárias não irão lhe abalar: “Não tinha nem o que comer. Cheguei aqui pobre e hoje sou o presidente do clube. Deus é maravilhoso. Isso que tá acontecendo de vaiarem é fichinha”.
Transações da Era Barros são lembradas
Questionado sobre o tema em entrevista coletiva, Rivaldo abordou o fato de em sua atual gestão não ter a Lei do Passe, como na Era Barros, em que os jogadores ficavam presos, saindo por empréstimo ou venda, gerando grandes dividendos ao clube. Hoje, clubes esperam o fim dos contratos para fechar com os atletas e as equipes menores sofrem para angariar recursos. Rivaldo lembra ter sido duas vezes emprestado ao Corinthians, cada uma por 250 mil dólares, além de ter sido vendido ao Palmeiras. Vários outros foram negociados na Era Barros. “Se eu vendesse cada jogador aqui eu cobria o campo, aí todo mundo ia falar. Como falam do Barros. Eu mudava o campo que o gramado é ruim hoje”, declarou, lamentando a atual época. “O que faço com jogador que não quer renovar? A gente faz o jogador, jogador vai embora, não sei o que fazer. Dinheiro não entra”, desabafou.