Quando o Brasil entrar em campo para a abertura da Copa do Mundo, nesta quinta-feira, às 17h, no Itaquerão, um mogimiriano apresentará um olhar diferente dos demais. Tudo por conta de um sentimento especial nutrido em relação ao adversário, a Croácia, onde viveu entre 2002 e 2004 e se fascinou com o fanatismo futebolístico. Trata-se do empresário Ricardo Marangoni Brandão Bueno, o Ricardinho, que atuou na direção da extinta sede croata da empresa Marangoni e conviveu com as peculiaridades do povo local.
A adaptação foi difícil por aspectos culturais diversos, mas na convivência pessoal e profissional, ser brasileiro era um trunfo. “Na hora de puxar assunto e visitar clientes, havia uma certa vantagem”, reconhece.
O empresário ainda mantém amizades no país e deixou sua marca de forma tão especial que o filho de um casal de amigos croatas foi batizado com o nome de Ricardo, em sua homenagem. “Essas coisas marcam, não tem como”, admite.
O casal já visitou Ricardinho em Mogi Mirim e tentou voltar para a abertura da Copa, mas não conseguiu. Embora com a torcida para o Brasil, Ricardinho tentou encontrar uma antiga camisa da Croácia, pois pretendia enviar para uma costureira produzir uma nova peça, mesclando com a metade do uniforme da seleção brasileira. Ricardinho sempre se atenta aos jogos da Croácia até em outros esportes e a qualquer informação do país. “É um país muito pequeno, conhecia as pequenas cidades. Você se sente um pouco de lá”, conta.

O fanatismo croata já atormentou sua vida na Copa de 2002, quando chegou ao aeroporto no dia em que a Croácia venceu a Itália por 2 a 1, pela primeira fase. “Eles ficaram todos loucos, saíram para as ruas, eu não conseguia chegar em casa por conta da comemoração”, conta.
Assim como os brasileiros, os croatas assistem a jogos nas ruas e bares, enrolados em bandeiras e tomando cerveja. “Eles bebem demais, depois saem fazendo carreatas, fica uma zona a cidade”, conta, entre risos.
Jogadores da seleção de 1998, terceira colocada na Copa, como Suker e Boban são reverenciados. Por outro lado, Ricardinho lembra que o povo croata não é caloroso, mas sim fechado e patriota, muito em função da guerra contra Bósnia. “O futebol é uma válvula de escape para expressarem esse patriotismo”, observa.

Com os brasileiros, a situação muda. “Via gente de outras culturas, eles sofrem mais. O Brasil tem isso no mundo, transmite amizade. Há uma tolerância maior, até pela imagem. Veem o Brasil como um país de futebol, samba, mulheres bonitas, onde se sabe viver”, destacou.
Os croatas acabam se soltando e conversando sobre futebol, não de forma superficial como o povo de outros países. “Não é igual fala de americano, que só ouviu falar. Os croatas, falam dos brasileiros que jogam nos times de lá, são informados”, compara.