sexta-feira, novembro 22, 2024
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Rivaldo: abandono e conto de fadas

Depois da morte de Wilson Barros, o futuro do Mogi Mirim ficou em aberto. Empresários queriam assumir o clube. A família Barros entendeu que deveria separar o futebol da associação. Assim, prejuízos do esporte não afetariam o patrimônio. Tudo mudou quando entrou em cena Rivaldo, com a imagem de craque reconhecido mundialmente revelado pelo Mogi Mirim. A equipe de Rivaldo procurou o jornal O Impacto para mostrar o desejo de assumir o clube. Em entrevista, depois negada por Rivaldo, o craque é questionado sobre o que teria a oferecer diferente dos grupos de fora e responde que a segurança de que o clube não seria dilapidado por interesses financeiros.

Com base na entrevista, foi formulado um termo em que Rivaldo se comprometia a não dilapidar o patrimônio e assumir as despesas. Mais tarde, transferiu os CTs ao seu nome para ressarcir empréstimos e disse que desconhecia o termo, assinado por seu então procurador Wilson Bonetti. Independente se falou a verdade, tempos depois soube do termo e da preocupação da família Barros com o patrimônio. Nada foi capaz de comover o craque, nem o fato de saber que só conseguiu ter o controle do clube pela promessa feita.

O mais grave veio depois. Mesmo tendo visto o exemplo da preocupação na passagem de gestão, por mais que com um termo mal feito, Rivaldo deixou o Mogi nas mãos de pessoas sem vínculo com a cidade, o presidente Luiz Oliveira e seu aliado, o vice Victor Simões. Qual a exigência para passar o comando? Alguma preocupação com o futuro ou patrimônio? A preocupação foi que Simões assumisse a dívida com ele, de R$ 10,9 milhões. O Mogi passou a dever a Victor. Rivaldo se livrou de um problema criado por ele, deu as costas e foi embora com a associação endividada e sem os CTs.

Uma situação jamais imaginada quando apareceu ávido por assumir o Mogi. Faltou carinho. Rivaldo poderia ter lançado uma campanha para abertura a associados, abrindo à comunidade, antes de novas eleições. O Mogi poderia até deixar por um momento de jogar competições, mas teria pessoas preocupadas com o futuro da associação. Mas não se preocupou até porque saiu chateado com a falta de carinho da cidade com ele. Pensou em si e deu de ombros a Mogi. Hoje, vê, de longe, o clube afundar. O clube acumula ações trabalhistas, dívidas, vê uma discussão sobre o futuro do estádio e se encontra em uma situação difícil até para voltar ao que era antes da Era Barros.

No cenário de um conto de fadas, Rivaldo voltaria para assumir a promessa do passado mesmo que não dele, devolver os CTs, pagar dívidas da gestão que o sucedeu e se candidatar para voltar, agora arcando com gastos. Depois, poderia abrir o clube, convocar eleições e ir embora. Seria uma espécie de sacrifício pela gratidão. Sem dúvida, terminaria o filme como herói. Somente em um conto de fadas deste patamar, alcançaria a redenção, com a missão cumprida.

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