Em ultimato dado em entrevista coletiva no domingo, o presidente do Mogi Mirim, Rivaldo Vitor Borba Ferreira, estabeleceuw o final de maio como prazo para fechar uma parceria com um investidor. Do contrário promete deixar o clube. Rivaldo conta que irá acertar a situação dos funcionários, entrar em acordo com os jogadores e sair da agremiação, que ficaria à deriva.
O fim do mês foi definido porque praticamente representa o final das seis primeiras rodadas da Série C do Campeonato Brasileiro, antes da paralisação de 50 dias para a Copa do Mundo. Rivaldo tiraria o Mogi da competição após o jogo contra o Caxias, marcado para 1º de junho. “É difícil manter um clube sozinho. Espero que apareça alguém querendo fazer uma coisa séria, porque senão o Mogi no mês que vem não vai existir”, avisa.
No mínimo, Rivaldo cobra um investidor que divida as despesas em 50%, como era Hélio Vasone Júnior. As despesas mensais atuais girariam em torno de R$ 500 mil. Outra possibilidade é deixar o clube para outro investidor, mas o interessado precisa quitar as dívidas do clube com Rivaldo.
O dirigente cobra uma resposta urgente, pois diz ter sido procurado por empresários, mas com intenção de planos e não ações. “Estão me procurando, mas nada aconteceu, isso é tudo projeto e eu preciso das pessoas ‘para ontem’ e não para coisa de um, dois, três meses”.
Rivaldo contou que o e-mail e telefone deixados pedindo ajuda atraíram muitos atletas se oferecendo para jogar. Apesar de um empresário ter doado R$ 50 mil e uma empresa de suplementos alimentares ter fechado permuta de publicidade por produtos, a ajuda ficou abaixo da necessidade do clube.
O presidente lembrou ter feito diálogos positivos com o prefeito Gustavo Stupp, mas sem resultado. “É sempre pra frente, tem que mudar leis”, desabafou.
Futuro do Mogi Mirim como associação ainda é mistério
Rivaldo ainda não deu detalhes sobre o que pretende fazer com o clube enquanto associação. Assim como na época do ex-presidente Wilson Barros, os associados são pessoas ligadas ao presidente, que se tornam sócias por necessidade burocrática, pela necessidade estatutária de se formar diretoria e conselhos deliberativo e fiscal.
Saindo Rivaldo e as pessoas de sua confiança, o Mogi ficaria sem sócios. Pelo estatuto, para se tornar associado, é preciso ser indicado por um sócio e aprovado pela diretoria. Desde a Era Barros, o Mogi deixou de ser um clube com participação atuante de associados para girar em torno da figura de um grande líder. Assim como Rivaldo, Barros teve amplo controle do quadro associativo e, com a ascensão e sucesso do clube, teve facilidade para se perpetuar no poder e minar uma eventual oposição. O falecimento do dirigente abriu caminho para o atual presidente, que para assumir, pagou uma dívida do clube com a família Barros.
Segundo o estatuto do Mogi Mirim, em caso de dissolução da associação, o patrimônio é destinado a uma entidade de fim não econômico do município, com exceção do terreno e benfeitorias do estádio, que voltariam à Fazenda do Estado de São Paulo, que doou a área ao Sapo.
Segundo a Assessoria de Comunicação do Mogi, Rivaldo só irá tratar da questão da associação no momento em que a decisão de sair for concretizada e não irá discutir detalhes agora com a imprensa. “Ele entende que é hora de quem está interessado que o clube continue existindo que colabore com o mesmo”, informou a assessoria.
Questionado em entrevista coletiva sobre como a dívida do clube com ele seria paga, Rivaldo não respondeu e disse não estar pensando nisso nesse momento. Porém, a tendência é que o Centro de Treinamento (CT) do clube, em Mogi Guaçu, entre no pagamento, indo para Rivaldo, como foi cogitado quando o dirigente quase deixou o clube, em 2013, quando Vasone assumiria.
Por outro lado, Rivaldo revelou temer pelo que pode se tornar o estádio. “Isso aqui vai ficar um deserto, pode ter pessoas se reunindo aqui, pode ter drogas, o campo praticamente no centro, vai virar um museu, é triste”, lamentou.