A contratação do técnico Edinho Nascimento para comandar o Mogi Mirim sob o ponto de vista de marketing carregava em si uma elogiável estratégia. Tratava-se de lançar para uma nova carreira um especial personagem, pelo fato de ser o filho do Rei Pelé. A principal atração da chegada de Edinho era a expectativa criada na cidade em receber Pelé. Rivaldo também apostava que a chegada de Edinho pudesse atrair patrocinadores ao Mogi.
A ideia, independente da qualidade do treinador, em termos de marketing já era em si interessante. Porém, não poderia se limitar à ideia. Era preciso uma estratégia inteligente e bem norteada, como todo projeto. O desfecho revelou traços de amadorismo na contratação.
Pelé não esteve em Mogi nos dois jogos no Estádio Romildo Ferreira. E quase que Edinho teve apenas um, porque Rivaldo chegou a demitir o treinador na Bahia, na segunda derrota, mas voltou atrás e o técnico permaneceu mais dois jogos. Na apresentação, Edinho disse que Pelé estaria presente sempre que possível, mas não garantia sua estada na estreia em função de uma agenda repleta de compromissos. Essa agenda fez Edinho mais tarde adotar um discurso diferente e garantir que Pelé estaria na cidade em pelo menos um dos jogos. Além da agenda, no dia da estreia, Pelé estava hospitalizado. No dia seguinte, deixou o hospital e hoje já cumpre sua agenda. Como estratégia de marketing e como Pelé chegou a ligar para Rivaldo para apontar que ficaria feliz com a contratação do filho, o dirigente do Mogi teria que ter selado um acordo bem definido para que a presença do Rei, mesmo que para acompanhar um treino aberto ou participar de outra ação, fosse algo concreto e não uma mera possibilidade. Da mesma forma, a expectativa de atrair investimentos parece não ter sido concretizada.
O que Rivaldo conseguiu foi colocar o nome do Mogi na mídia no momento do anúncio e, claro, da demissão, com menor intensidade. O Sapo será sempre lembrado como o time que lançou o filho do Rei, assim como Adílson, Vadão e Argel. Mas em termos de marketing é muito pouco para se utilizar a importante função de um treinador com alguém cuja confiança em seu trabalho termina em apenas dois jogos. Assim como consegue atrair a imprensa lançando Edinho, Rivaldo atrai a mídia frequentemente com postagens no twitter. Diferente dos tempos áureos em que tinha dificuldades de criar fatos novos pela timidez, a internet facilitou a vida de Rivaldo para se colocar na mídia com frequência mesmo após abandonar a carreira.
Rivaldo mostra talento para chamar as atenções e sabe dar bolas dentro, como quando treina com a equipe e deixa no ar a possibilidade de voltar, colocando o Sapo em evidência. A figura de decisivo na conquista da Copa 2002 e de melhor do Mundo em 1999, além de ser até hoje idolatrado por torcedores do Barcelona, fazem dele um nome com potencial de marketing, capaz de atrair os holofotes para o Mogi com uma série de trunfos. O dirigente não precisava contratar Edinho apenas para isso. Simplesmente porque Rivaldo é muito maior do que qualquer filho de Pelé.
