Ex-presidente do Mogi Mirim e atualmente morando nos Estados Unidos, Rivaldo Ferreira se juntou ao movimento SOS Mogi, que trabalha para destituir Luiz Oliveira da presidência do clube. Por intermédio de seu procurador, o advogado Betellen Ferreira, Rivaldo manifestou o desejo de colaborar para salvar o Mogi da crise, em reunião realizada na sede da Associação Comercial e Industrial de Mogi Mirim (Acimm), na noite de quinta-feira.
“O Rivaldo se compromete a ajudar, a estar junto. Pode voltar para ajudar de alguma forma, não sei se na função de presidente”, disse Betellen, explicando ser complicado o retorno nesta função. “Fica difícil falar: vou assumir de novo. Assumir de novo para quê? Para continuar a briga”, questionou.
Betellen explica que Rivaldo decidiu deixar o clube devido às brigas com a comunidade, especialmente em relação à ação que busca anular a transferência dos Centros de Treinamento (CTs) do Mogi para o nome do craque. Por outro lado, frisa que Rivaldo pode colaborar na tentativa de buscar um parceiro para investir recursos no clube, além de continuar permitindo que o Mogi Mirim utilize os Centros de Treinamento até se reestruturar.
O procurador do ex-presidente ainda colocou que Rivaldo pretende auxiliar na busca de parceiros até mesmo para que um novo investidor recompre os Centros de Treinamento para o clube. “O Rivaldo não faz questão dos CTs”, ressaltou.
Neste sentido, o advogado contou que Rivaldo apresentou a Luiz Oliveira um grupo envolvendo dois brasileiros e um alemão, que tinham interesse no Mogi Mirim, mas o atual presidente não demonstrou interesse.

Reunião busca unificar alas de oposição e projetar futuro
Liderada pelo jornalista Paulo Henrique Tenorio, novo coordenador de comunicação do SOS Mogi, a reunião realizada na noite de quinta-feira, teve como objetivo unificar as diversas alas políticas do Mogi Mirim, que hoje possuem como ponto comum o objetivo de tirar Luiz Oliveira da presidência. Estavam presentes representantes do ex-presidente Rivaldo Ferreira, do ex-vice-presidente Victor Simões, da comunidade e do movimento SOS Mogi, além dos vereadores Tiago Costa e Moacir Genuário, responsáveis pela convocação de uma audiência pública para discutir o clube na segunda-feira, às 19h, na Câmara Municipal. Embora não estivessem presentes, Tenorio garantiu que o grupo conta com o apoio de Hélcio Adorno, o Luizinho, ex-presidente do Conselho Deliberativo, e do ex-dirigente Marcos Barros, o Marquinhos, filho de Wilson Barros. Outro contrário à gestão Luiz e que atua em conjunto com o grupo, mas não esteve presente, é o ex-gerente de futebol Henrique Stort.
Além de traçar estratégias para conseguir a saída de Oliveira, a reunião buscou já discutir como seria formada uma eventual diretoria provisória no caso de sucesso na derrubada do atual presidente. O temor é o de que, conquistado o objetivo, o grupo, até pela heterogeneidade, não tenha definido os caminhos.

Na reunião ainda não se chegou a uma conclusão de como seria a diretoria. No entanto, há a ideia de que a diretoria reúna representantes de todas as alas oposicionistas. Houve ainda a colocação sobre a necessidade de parceiros para injetar recursos que permitam a sobrevivência do clube e é até cogitada a possibilidade de a equipe suspender as atividades até melhorar a situação. No quesito financeiro, Rivaldo e Victor são vistos, naturalmente, como potenciais investidores.
O principal temor é a avalanche de processos trabalhistas, gerando uma dívida difícil de ser paga com a queda de receitas do clube, que em 2018 não terá cotas da Federação Paulista por ter sido rebaixado para a Série A-3. Neste cenário, há o temor de que o Estádio Vail Chaves seja penhorado.
Ações
Em ação em que é pedida a suspensão do recadastro de sócios, associados antigos entraram com uma petição reivindicando o afastamento temporário de Oliveira pela Justiça e a nomeação de um interventor judicial para promover a volta de sócios retirados do quadro. Agora, o grupo pretende entrar com uma ação específica para pedir a nulidade da assembleia que aprovou as contas de 2016, em que associados antigos foram proibidos de participar, mesmo com uma liminar concedida em que o recadastro foi suspenso. Com a suspensão, teoricamente os antigos associados estariam liberados a participar.
Os diversos grupos apresentam inúmeras divergências, inclusive com discussões judiciais como a polêmica dos CTs. Mas neste momento, a ideia é deixar as divergências em segundo plano.
Brigando na Justiça, Victor e Rivaldo se reaproximam
Diante do interesse comum em ver Luiz Oliveira fora do comando do Mogi Mirim, há uma aproximação entre Rivaldo e o empresário Victor Simões, que esteve representado na reunião por seu representante Cristiano Rocha. Rivaldo, representado por Betellen Ferreira, cobra na Justiça uma dívida referente a empréstimos feitos ao Mogi, que foi assumida por Victor na passagem de gestão para Luiz, que tinha o português como vice. O português assumiu uma dívida de R$ 10,9 milhões. Com o rompimento, Victor ficou sem poder e se recusa a pagar, apontando inclusive que a passagem de gestão foi ilegal, com motivação escusa e ilícita, por se tratar de venda do clube, o que é proibido por envolver uma associação sem fins lucrativos. Rivaldo diz que Victor age de má fé nesta alegação.

“Um quer receber e o outro não quer pagar, isso é óbvio”, resumiu Cristiano, procurador de Victor, minimizando as desavenças.
Para Rivaldo, a permanência de Luiz Oliveira não é interessante, pois ficam reduzidas as chances de receber o que tem direito, o que seria facilitado com Victor no poder do clube.
Betellen revelou que Rivaldo já previa problema caso Luiz fosse o presidente e dizia que Victor é quem deveria assumir a presidência na época, por ser o responsável pela dívida. “Mas o Victor bancou o Luiz por confiar e aí tomou a rasteira”, resumiu.
Advogado interviu contra ida de Mogi para Osasco
O advogado de Rivaldo, Betellen Ferreira, revelou ter feito uma intervenção para impedir a parceria do Mogi Mirim com o Audax, que teria como objetivo final transferir o clube para Osasco. Além de o homem forte do clube, Mário Teixeira, ter sido alertado sobre a situação do Mogi, Betellen conversou com o presidente do clube, Vampeta, que tem amizade com Rivaldo. Foram apresentados documentos e colocado a Teixeira que Rivaldo tem uma dívida a receber, que está sendo discutida judicialmente, na tentativa de intimidar o empresário, pois os eventuais novos comandantes assumiriam o ônus e o bônus. Atualmente, devido à transferência da dívida, o Mogi está devendo a Victor, que deve a Rivaldo.
Paralelamente, o integrante do SOS, Carlos Corrêa, curiosamente desafeto de Rivaldo, também municiou Teixeira com informações e o empresário acabou desistindo da parceria.
Segundo Betellen, a proposta feita para o presidente do Mogi Mirim, Luiz Oliveira, foi a mesma que havia sido feita a Rivaldo em 2014. Na ocasião, Betellen conta terem se reunido Rivaldo, Vampeta, Mário, um ex-dirigente da Ponte Preta e um empresário de uma empresa de medicamentos. A ideia era uma parceria em que o Mogi jogasse em Osasco, o que Rivaldo não aceitou. Após três meses, Betellen conta ter sido feita outra proposta por Mário, em que o clube continuaria na cidade, porém mudaria o nome para Mogi Osasco, alteraria o emblema e seria acrescentado um traço azul, o que também foi negado. Agora, a ideia de Mário seria tirar o Mogi definitivamente da cidade caso o clube conseguisse o acesso para a Série B do brasileiro.