Dia desses estava com um casal de amigos que está passando por problemas. Quem nunca, que atire a primeira pedra (rsrs). Relacionamento é algo muito curioso. Se formos olhar puramente, sem sentimento e cruzando probabilidades, casamento é algo fadado ao fracasso.
Sem romantismo, duas pessoas que por anos foram criadas em lares diferentes, com prioridades diferentes, hábitos e manias decidem agora dividir espaço. Não importa se o namoro durou seis meses ou dez anos, a real só bate mesmo quando passamos a coabitar o endereço.
E isso acontece por vários motivos. Primeiro porque acho que nosso cérebro “buga”, fica indo e vindo entre comparações de “como o arroz era feito pela mãe e como ele é refogado agora pela esposa”. Mas muito pior que isso é que, não sei por qual motivo, passamos a examinar tudo que o outro faz com lente de aumento.
Dizer que as pessoas mudam ao juntar as panelas é a hipótese menos provável para mim. Penso que, como magicamente, passamos a esperar do outro e, pior, a buscar incansavelmente atitudes que nunca se quer passaram perto de ser próprias do fulano.
Sabe aquele namorado que nunca deixou o dia de jogar bola nem para socorrer a mãe no hospital e você acha que ele o fará já no dia seguinte ao status de “relacionamento sério”? É isso.
Pegando o gancho dos meus amigos, grande parte do desconforto é porque ela queria que ele tivesse mais atitude, tomasse mais frente nas escolhas, o que não precisa ser especialista em comportamento para compreender que não faz parte do seu jeito de ser.
Porém, além de não reclamar dela ser mais atirada nas decisões, a apoia. Trocando em miúdos, ele não escolhe o destino da viagem, mas faz todo o trajeto e planejamento do que ela escolheu e ainda vai na frente para garantir segurança.
A pergunta que vale um milhão é: por que gastamos vida olhando o que falta em vez de nos beneficiarmos com o que é nato? Em casa, felizmente, aprendemos a praticar isso. Cada um fica com a parte que faz melhor, o que tornou os dias muito mais leves. Eu amo mudanças e elas são pavorosas para o Alisson. Ao invés de reclamar, uso essa característica como filtro: “será que isso que quero é necessário mesmo ou só vou trazer agitação sem benefícios?” A acomodação dele é remédio para a minha inquietude.
Isso significa que eu sempre abro mão? Não! Quando, depois de examinar, acho válido, faço. E aí que acontece a mágica. Como ele também já percebeu que sigo esses critérios, por mais que cause desconforto, ele apoia.
É claro que sempre é mais fácil ver de fora, mas, sim, é possível quando se está dentro. Ter um relacionamento sadio e feliz é escolha diária nada fácil porque acontece em meio ao caos da rotina que exige tanto de nós! Como quase tudo na vida, é questão de treino!